O novo trabalho de Leonardo Padura é uma celebração dos elementos que fazem de sua voz uma das mais proeminentes da literatura cubana nos últimos anos. Água por todos os lados apresenta ao leitor algumas das grandes paixões e inspirações de Padura, como a literatura, o beisebol, a cultura local e, de forma geral, sua terra natal: ?Sou um escritor cubano que vive e escreve em Cuba porque não posso e não quero ser outra coisa, porque (e sempre posso dizer que apesar dos mais diversos pesares) preciso de Cuba para viver e escrever?. Nas páginas dessa obra singular, o escritor nos apresenta um lado pessoal de seu processo de criação, revelando locais e tramas em que os personagens ganham vida, seus instrumentos de trabalho e suas inspirações: ?Entre uma obsessão abstrata, quase filosófica, e o complicado processo de escrever um romance, há um longo período, cheio de obstáculos e desafios?. Trata-se, então, de um relato brilhante de como transformar em material narrativo aquilo que no início se mostra apenas uma luz tênue na mente do autor e de como habilmente tecer isso com o vínculo de pertencimento mantido em relação a seu país. ?Quando me perguntam por que vivo e escrevo em Cuba, tenho diversas respostas possíveis a oferecer. Prefiro, porém, a mais simples: porque sou cubano e tenho um alto senso do que esse pertencimento significa.?
Em meio à pandemia de Covid-19 que assolou o mundo em 2020, Fernanda Medeiros e Liana de Camargo Leão lançaram a seguinte pergunta a atores, diretores, escritores, críticos e professores de várias partes do Brasil e do mundo: o que você precisa saber sobre Shakespeare antes que o mundo acabe? A proposta era que os convidados tentassem, da maneira mais verdadeira possível, responder a essa provocação e que o fizessem rápido, na urgência do momento, para que o livro ficasse impregnado da pressão de uma vivência inédita. As contribuições foram chegando, somando as 57 ?falas? que aqui estão. Há Shakespeares diversos ? locais e universais, de uma única peça ou de um único personagem, mais ou menos feministas, trágicos e cômicos, renascentistas e contemporâneos, ingleses e cosmopolitas. E há estilos diversos também. Dos textos curtíssimos aos ensaios mais longos, dos depoimentos orais às pequenas coleções de pistas. O resultado é uma obra brilhante, que sem dúvida viverá para muito além desta pandemia. O livro conta ainda com um belo texto de orelha assinado por Antonio Fagundes.
Jia Tolentino é uma voz sem igual na sua geração. Nestes nove ensaios, escritos numa rara combinação de agudeza e generosidade, ela investiga as forças transformadoras da visão que temos de nós mesmos e do mundo lá fora. Repleto de humor, Falso espelho elucida aquilo que é absurdamente complexo de forma clara e, às vezes, brutal. Um clássico instantâneo com opinião e inteligência singulares.
Do organizador de Cartas extraordinárias, um volume de trinta cartas emocionantes sobre o amor em todas as suas formas. Neste volume estarrecedor, Shaun Usher se debruça sobre um dos temas que mais movem a existência humana: o amor. Revelando os desejos mais profundos do coração através das palavras de famosos e anônimos, essas trinta cartas ? passionais, doloridas, ternas ou raivosas ? reconstituem esse sentimento universal em todas as suas formas e oferecem um retrato emocionante do que significa amar e ser amado. Com cartas de Machado de Assis, Paulo Mendes Campos, John Steinbeck, Simone de Beauvoir, Ludwig van Beethoven, Frida Kahlo, Johnny Cash, Nelson Mandela e muitos outros.
A trajetória do romance de formação no século de ouro da narrativa europeia. Neste livro extraordinário, Franco Moretti analisa o surgimento, o auge e a decadência do romance de formação, ?forma simbólica? de uma modernidade fascinante e perigosa, na qual os representantes nada heroicos da nova classe média europeia buscam responder a uma questão fundamental: é possível uma vida feliz e com sentido? Sob o impacto da Revolução Francesa, Goethe e Austen buscam o difícil equilíbrio entre a liberdade individual e os constrangimentos da sociedade. As guerras napoleônicas abrem novos rumos para a prosa do mundo, e Moretti nos mostra que os heróis de Stendhal e Púchkin já não se adaptam aos ideais da ?normalidade?. A rebelião torna-se um dever, e a juventude deve lutar contra os valores de um mundo ?maduro?, porém medíocre. Quando as ilusões são perdidas, os heróis de Balzac aprendem em Paris as duras regras do jogo do mercado. Os personagens de Flaubert buscarão, no caos da guerra civil ou no tédio da vida provinciana, algum sentido para suas vidas vazias. Na Inglaterra a história é outra: nos romances de Fielding a Dickens, a ?formação? não é mais o objetivo dessas ?pessoas comuns?, que esperam da vida apenas ?justiça?, sem transtornos nem revoluções. O gênero ainda respira nos jovens heróis de Musil e Mann, Conrad e Joyce, que lutam para sobreviver a professores sádicos, idealizando a infância e desprezando o inabitável mundo dos adultos. Um mundo que explodirá em 1914, destruindo os pressupostos estéticos e sociais do romance de formação e deixando ao leitor uma pergunta incômoda: é possível buscar ainda algum sentido para a vida, em meio aos traumas e às ruínas do mundo contemporâneo?
Sem idealizações nem sentimentalismos, As pequenas virtudes é fruto de uma prosa límpida, aliada ao vigor típico dos escritores que, ao falar de coisas simples, revelam as questões humanas mais profundas. Nestes onze textos, a escritora italiana Natalia Ginzburg não faz delimitações entre as dimensões social e histórica, construindo uma obra singular e de raro afeto.
O livro é dividido em duas partes. A primeira se atém a deslocamentos ? como o período em que a autora morou em Londres ? e a retratos de duas figuras centrais em sua vida: o poeta Cesare Pavese, de quem ela foi amiga, e Gabriele Baldini, seu segundo marido. Na segunda, figuram ensaios poderosos, como ?O filho do homem?, uma avaliação das sequelas da guerra recém-terminada; ?O meu ofício?, em que Ginzburg explora as relações entre escrita e verdade íntima; e o texto que dá título a este volume, um elogio extraordinário às verdadeiras grandezas humanas.
Breve e imenso, simples e original, As pequenas virtudes é um livro inesquecível. Ao retratar uma vida marcada por perdas, desterros e humildes alegrias, Natalia Ginzburg constrói uma obra luminosa, cheia de carinho e de genuíno amor às pessoas e às palavras.
?Uma lição de literatura.? ? Italo Calvino
?Com lucidez e uma valentia a toda prova, Natalia Ginzburg nos mostra seus personagens quando não eram heróis nem vítimas; quando eram falíveis, quando era possível amá-los menos. E por isso os amamos mais.? ? Alejandro Zambra
?Ginzburg é inconfundível. Suas observações são rápidas e exatas, geralmente irradiadas através de humor indisciplinado e satírico. Sua voz é pura, fascinante, elegantemente moldada pela autoridade de uma inteligência poderosa.? ? The New York Review of Books
"No início da década de 1960, quase tudo estava sendo questionado, e não foi diferente com a chamada ?crítica literária?. Como acadêmico ilustre e leitor ávido, C.S. Lewis não se furtou à discussão e, contrapondo-se à ortodoxia de seus pares, propôs uma maneira diferente de analisar livros: a partir da experiência de quem lê, e não de quem escreveu. O resultado dessa ?crítica à crítica? está nas páginas de Um experimento em crítica literária.
Com a fluidez argumentativa que fez do autor de As crônicas de Nárnia um comentador reverenciado até pelos colegas de Academia, Lewis sugere que a ?boa leitura? envolve uma experiência profunda de envolvimento com a obra e as propostas de quem a escreveu. ?Ao ler bons livros, tornei-me mil homens sem deixar de ser eu mesmo?, afirma. Sua noção de avaliação de um trabalho literário tem como pilar o compromisso do crítico de se despir de expectativas e valores pessoais e entrar no texto com a mente aberta."
Desde a ?revelação? de On the Road nos anos 70, até o revoltado, pungente e comovente texto sobre a tragédia de Brumadinho, passando pelo descobrimento da América, pela história do quase jantado Hans Staden, pela vida do andarilho solitário e ecologista avant la lettre Henry David Thoreau, o leitor terá uma deliciosa, espetacular e inesquecível salada pop neste livro. Claro que Textos contraculturais, crônicas anacrônicas & outras viagens tem também drogas, sexo e muito rock?n?roll, com Little Richard e seu pungente rock raiz, além de Chuck Berry e Jerry Lee Lewis e seu piano alucinado. Há também entrevistas com Allen Ginsberg e o junkie William Burroughs, a saga de Neal Cassady, o Dean Moriarty de On the Road, os porres e a morte de Charles Bukowski, a comemoração melancólica dos 500 anos da descoberta da América, o testemunho do genocídio americano dolorosamente descrito pelo frei Bartolomé de las Casas e o registro fundamental da trinca Truman Capote, Norman Mailer e Tom Wolfe, os homens que revolucionaram o texto jornalístico no século XX. Como um recheio finamente concebido, acrescentamos a esta edição dezenas de crônicas sobre os mais variados assuntos e que, em comum, têm o fato de serem escritas com rara habilidade. Pop, culto, engraçado, sério, este livro é marcado pela grande diversidade de temas, cuja unidade é exatamente a sua qualidade. O produto final é uma seleção de textos que, escritos ao longo dos últimos trinta anos, consagram Eduardo ?Peninha? Bueno como um dos mais talentosos intelectuais brasileiros.
Livro ilustrado que apresenta a transcriação das duas últimas cenas do Segundo Fausto para o português, acompanhada do texto original em alemão.
Além disso, Haroldo de Campos faz também uma análise da obra goethiana sob os pontos de vista estético e ideológico, à luz de importantes teóricos, tais como Bakhtin, Walter Benjamin e Adorno.
Qual é a originalidade deste que é o mais antigo tratado de guerra? É que é melhor ganhar a guerra antes mesmo de desembainhar a espada. O inimigo não deve ser aniquilado, mas, de preferência, deve ser vencido quando seus domínios ainda estiverem intactos. Muitas vezes, a vitória arduamente conquistada guarda um sabor amargo de derrota, mesmo para os próprios vencedores. A arte da guerra do chinês Sun Tzu, um texto que remonta à turbulenta época dos Estados Combatentes na China há quase 2.500 anos, chegou até nos trazendo as idéias de um filósofo-estrategista que comandou e venceu muitas batalhas.