Os poemas livres que compõem esta obra foram escritos no final dos anos setenta por um estudante de direito que tinha plena consciência da gravidade do tempo que experimentava. Acabaram reunidos no começo dos anos oitenta, ainda antes da deflagração do processo de democratização pelo qual passaria o país para compor livro que seria encaminhado para a Bienal Nestlé de Literatura, depois Concurso Nestlé de Literatura, que conferia, e ainda hoje confere, prêmios dotados de grande prestígio para a poesia, entre outros gêneros literários. Com o insucesso, ficou numa gaveta, entre os guardados do autor, por mais de três décadas. Sem reclamar valor estético ou literário, cuidando de poemas preparados por um autor bissexto, talvez a coletânea apresente algum significado, nos dias que correm, por retratar os pensamentos, angústias e descobertas de um jovem universitário brasileiro no ocaso dos anos de chumbo.
Esta edição comemora os cem anos do escritor, poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto, ícone da poesia brasileira. Um dos maiores poetas de língua portuguesa do século XX, João Cabral de Melo Neto ficou conhecido pelo estilo conciso, rigor formal e apurada crítica social ? numa comparação feita por ele mesmo, o poeta seria como um escultor, que incessantemente corta a pedra até que a escultura surja de dentro dela. Sua produção foi reunida nesta Poesia completa, que traz seus primeiros poemas e depois seu primeiro livro, Pedra do sono, lançado no início dos anos 1940, passando por textos que já se tornaram clássicos da nossa literatura como O cão sem plumas, Morte e vida Severina, A educação pela pedra, Museu de tudo, Auto do frade, até Sevilha andando, seu derradeiro livro. O autor faleceu em 1999, deixando uma obra de força descomunal. Para comemorar seu centenário, esta Poesia completa traz ainda textos póstumos, dispersos e inéditos, organizados por Antonio Carlos Secchin com a colaboração de Edneia Ribeiro. ?Mudou profundamente não só a poesia, mas a cultura brasileira.? ? João Alexandre Barbosa ?Na sua geração, não tem quem o iguale, mesmo em dimensão universal.? ? Augusto de Campos ?Cortava a poesia com a faca só lâmina de sua extraordinária força vocabular, criando impactos ao mesmo tempo plásticos e fundamentais. Nunca usava o enfeite como complemento da essência, tudo nele era inaugural, primeiro, único.? ? Carlos Heitor Cony ?Ela [a poesia de João Cabral] trata as palavras como se fossem coisas e organiza essas coisas de tal maneira como se fossem conceitos.? ? Antonio Candido
Reunindo duas narrativas que apresentam instantes extremos dos caminhos da existência humana, Manuelzão e Miguilim configura-se em um edifício de alta densidade literária, construído com a engenhosidade ímpar de João Guimarães Rosa.
Em ?Campo Geral?, os leitores experimentam o mundo pelos olhos do menino Miguilim que, em seu cotidiano vivido no seio de uma família sertaneja, consegue, graças à sua curiosidade e inocência, enxergar - e espalhar - beleza nos lugares e situações que vivencia.
Em ?Uma estória de amor?, a prosa rosiana nos conduz às reflexões que brotam do coração sofrido do vaqueiro Manuelzão por ocasião da festa que marca a inauguração de uma capela que ele constrói em memória de sua mãe. Na cabeceira de sua vida, Manuelzão sente ter chegado o momento de apropriar-se de sua história.
Esta nova edição traz, ao ao fim do livro, um texto da escritora Henriqueta Lisboa, no qual ela empreende uma análise precisa e delicada sobre os escritos de Guimarães Rosa, mais especificamente sobre a novela ?Campo Geral?. Ademais, a cronologia completa da obra Rosiana.
A foto de capa é do fotógrafo Araquém de Alcântara, produzida em 2014, na Fazenda Jaíba, localizada na cidade de Montes Claros, no estado de Minas Gerais.
(texto em verde suprimível, quando necessário):Numa falsa república ? porque fictícia e porque farsesca ?, o presidente está prestes a implementar uma dramática transformação: aumentar os seus poderes declarando-se califa. Às suas costas, um grupo de políticos e de altos funcionários de Estado conspira a sua morte. Aliciam um seu antigo desafeto, certo poeta bucólico de quem roubara a esposa. O próprio presidente se arvorando em literato, a narração (que assume, em alternância, o fluxo de consciência dos três protagonistas: poeta, presidente e primeira-dama) conjuga uma retórica refinada e de ritmo inconfundivelmente poético com a revelação escrachada da torpeza em que vivem os habitantes do país. Poeta forjado no estudo dos clássicos, Érico Nogueira logra, nesta sua primeira novela, recuperar o espanto de Camões ? originalmente direcionado à vulnerabilidade do ser humano, podendo sempre a cólera divina voltar-se contra esse ?bicho da terra tão pequeno? ?, mas agora o orientando à mesquinhez dos homens, e, ainda mais concretamente, à dos homens desta terra. Essa história de trapaças, hipocrisia e corrupção vai cativar você do começo ao fim
"Tradutora de emoções, a prosa poética apresentada por Fabíola Simões é um espelho de prata para pessoas sensíveis. É um toque de vida aos que procuram explicações que deem sentidos ao sentir. É mãe que assopra a ferida do filho que caiu da bicicleta.
O reencontro consigo e o amor pelos seus é tão intenso nas palavras da autora que transforma letras em risos, frases em lágrimas, textos completos em suspiros. Seus parágrafos têm cor e cheiro. O livro todo é um grande e terno abraço de reconciliação com a maturidade que a vida proporciona.
É muito gratificante poder dizer que Fabíola Simões é certamente uma das melhores cronistas dessa geração, pois tem a capacidade de conciliar conteúdo de extrema qualidade à beleza estética de sua escrita. Afinal, a perfeição não mora longe da simplicidade.
Definitivamente um livro para ler, reler e presentear a quem amamos.
JOSIE CONTI, idealizadora e editora-chefe do site Conti Outra."
Dentro do nosso viver, há muito encantamento. Gostaria e quero poder
ser feliz, encantando-me com o encantar da vida. Poder admirar o
encanto e ficar encantada de mim mesma, só depende de mim... Posso até
morar em um castelo, mas, se eu deixar que o vento balance e leve meu
encantar, não poderei ver as estrelas teimosas, que se escondem de
mim, brincando atrás das nuvens. Não me apavoro com a tempestade,
quero que chova e molhe as plantas, porque quero ver o encanto, que há
nelas... Desejaria ter a lua, mesmo sem tocá-la, pois é um dos
encantos, que me encanta. E sei que, no instante em que a olho, ela é
minha, mesmo que seja por uma só noite... Posso, em uma xícara,
plantar uma flor, para que ela me encante quando brotar... Porque sei
me encantar, sou inventora de encantos, que rabisco em um papel,
porque sou mulher, andarilha de caminhos encantados, porque sei me
encantar com o belo... Sou mutante e mutável, sou passarinha e leoa,
ao mesmo tempo, porque sei admirar o encanto, que existe por toda a
parte, com a mesma garra e a força, que há em mim, para poder me
encantar com o encantamento, mesmo que os caminhos sejam tortuosos.
Amo o encantar da vida, porque sei encantar-me de mim mesma e
abandonar o que não for encanto. Gostaria muito que todos pudessem ver
encanto em tudo, que conseguissem alcançar o encantamento, que há
dentro de si mesmos. Isso seria possível, sim, bastaria querer e o
querer é suficiente, para que busquem o encanto dentro do encantar da
vida...