Novo livro do autor do best-seller A simples beleza do inesperado, vencedor do Jabuti. O caldeirão é onde se misturam ingredientes visando sua transmutação. É o laboratório onde buscamos alguma forma de transcendência, o portal que nos transporta a uma nova realidade. Em O caldeirão azul, Marcelo Gleiser reúne ensaios provenientes de sua reflexão sobre as questões que considera mais relevantes para o momento atual: nossa relação com o planeta e suas criaturas, com os membros da sociedade em que vivemos, e com a tecnologia, que está transformando quem somos e como nos relacionamos. O tema que conecta todos os textos é a visão da ciência como produto da nossa capacidade de nos maravilhar com o mundo toda vez que nos engajamos com o mistério da criação. Na sua essência, encontramos o mesmo ímpeto que move o espírito religioso: como lidar com nossas questões existenciais mais profundas, nossa origem, nossa vida, nossa morte. Nesta obra, Gleiser nos lembra que a ciência, aliada à nossa busca por respostas e nosso fascínio pelo mistério que nos cerca, pode ser usada tanto como ponte para um mundo melhor, como para construir a pior distopia imaginável. E nos convida a refletir ? e decidir ? sobre o futuro que queremos para nós, respeitando as diferenças de cada um e estando abertos para aprender com os que pensam de outras formas.
Desde o século XVI até nossos dias foram escritos centenas e milhares de textos comentando O Príncipe. Maquiavel foi criticado, execrado, mas foi também muito elogiado. Foi neles tratado de imoral, pérfido, homem sem princípios, destruidor das leis e das instituições que regem a sociedade, demolidor dos princípios religiosos, truculento, leviano, irresponsável, além de todos os qualificativos que se posso imaginar. Mas mereceu também todos os louvores por sua coragem e intrepidez, por sua análise de uma sociedade decadente e atrelada a um sistema de religião que mais a prejudicava que a beneficiava. Dizer mais sobre este livro, parece desnecessário. Sua enorme e secular fama o apresenta por si. Melhor mesmo é ler o texto e saboreá-lo.
"Na Europa moderna, onde a herança da Grécia se espalhou mais ou menos por todos os povos, há um cujas afinidades com ela são notavelmente acentuadas.
Há um país que ama a inteligência, sútil e harmoniosa, senhora da beleza e da vida, e cujos sucessos mais felizes, em todos os campos, têm muitos pontos de contato com os da Hélada antiga. É um país que, durante dois séculos e meio, tem feito da razão o valor supremo, e lhe tem prestado, sob o nome de Filosofia, e depois sob o nome de Ciência, um verdadeiro culto, chegando a colocá-la sobre os altares das suas igrejas, e que quis, sistematicamente, conformar com ela sua política e a sua educação.
Sabe-se que este país, a França, se vê hoje a braços com uma derrubada que lhe causa pasmo, e cuja profundidade ainda não mediu bem. Há quem negue o perigo dessa derrocada, apoiando-se na vitalidade da cultura que ainda lá floresce. Mas os espíritos lúcidos não se deixam iludir até esse ponto.
Sabe perfeitamente que, quando a Grécia foi vencida por Filipe da Macedônia, tinha Aristóteles e Demóstenes, e que um artista desconhecido esculpia nessa ocasião a Vênus de Milo. Sabem também que, quando Roma triunfou, a Grécia possuía ainda Arquimedes e Políbio e que, ainda depois, possuiu alguns dos seus grandes homens e produziu muitas das suas obras primas.
Poderia ser essa também a sorte da França e haveria muitos que se contentariam com isso.
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Primeiro livro de um dos maiores filósofos do século XIX, O nascimento da tragédia despertou polêmica pela ousadia da abordagem e pela militância estética em favor de Wagner, mas se tornou uma das obras mais influentes do século XX. A Companhia das Letras o lança agora numa nova tradução, assinada por Paulo César de Souza. Publicado no início de 1872, em meio a controvérsias, O nascimento da tragédia teve grande influência nos estudos sobre a Antiguidade, na filosofia e nas artes do nosso tempo. Estimulado pela metafísica de Schopenhauer e pelas concepções e composições de Richard Wagner, Nietzsche distingue duas correntes na cultura grega, a apolínea e a dionisíaca, e discute a natureza da cultura em geral, a relação entre arte, sofrimento e conhecimento, e as precondições para o ressurgimento da grande arte trágica, que traria consigo a renovação do mundo. A nova edição vem acompanhada do texto ?Verdade e mentira no sentido extramoral?, de 1873, que prenuncia a crítica da razão e da linguagem que Nietzsche desenvolveria em obras da maturidade, e conta com posfácio de André Luís Mota Itaparica.
Antonio Negri, autor de Império e um dos pensadores mais influentes da atualidade, redigiu A anomalia selvagem entre 1979 e 1980, durante seu cárcere italiano. Publicado pela primeira vez no Brasil em 1993, o volume é agora relançado em edição revista por Homero Santiago e Mario Marino, incluindo ainda um breve ensaio sobre a obra redigido por Marilena Chaui. Neste importante livro, Negri articula a filosofia de Baruch Espinosa (1632-1677) à história econômica, social, política e intelectual do século XVII, encontrando na ?metafísica materialista? espinosana os elementos para pensar ?uma fenomenologia da prática revolucionária? constitutiva do futuro.
Tratado sistemático sobre a alma humana, de cunho filosófico e teológico. Santo Agostinho compõe o tratado em forma de diálogo com o interlocutor Evódio e procura responder a cinco perguntas deste: origem da alma, natureza da alma, como ela é, como se une ao corpo, como procede quando unida ao corpo ou separada dele.
Apesar de a maioria das Constituições contemporâneas incorporarem a dignidade da pessoa humana como princípio em seus textos, a expressão parece não demandar maiores explicações a respeito de seu significado. Seu emprego indica a necessidade incondicional de proteção da dignidade, por mais que o sentido da expressão seja ambíguo, vago e indeterminado. Muitas vezes, é também utilizado como arma retórica para legitimar os mais diferentes posicionamentos. No Brasil, a maioria dos argumentos jurídicos que utilizam a "dignidade da pessoa humana" como elemento central de decisões e teses jurídicas, costuma fazer referência à obra do filósofo alemão Immanuel Kant. Diante desse pano de fundo, o autor faz estudo detalhado de textos do filósofo para buscar respostas à definição e à justificação do conceito, indicando que o estudo da filosofia pode amparar um uso menos arbitrário do direito.