"As últimas eleições têm confirmado o auge de populismos baseados no medo e na desconfiança generalizada das elites. As eleições tornaram-se concursos de popularidade em vez de serem um debate racional de propostas.
Como explica este livro brilhante, o objetivo inicial das eleições foi excluir as pessoas do poder selecionando uma elite para governá-las. Na verdade, durante a maior parte dos 3.000 anos de história da democracia, as eleições não existiam, e os cargos eram repartidos usando uma combinação de sorteios e voluntários que se ofereciam.
A partir de estudos e exemplos de todo o mundo, este manifesto influente e radical apresenta uma proposta real para uma verdadeira democracia, uma democracia que realmente funcione. Urgente, heterodoxo e extremamente persuasivo, Contra as eleições deixa apenas uma pergunta a ser respondida, ""O que estamos esperando?"".
""A eleição de nossos governantes com o voto popular não logrou em um autêntico governo democrático, esse parece ser o veredicto da história que se desenrola diante de nossos olhos...Talvez tenha chegado o tempo para essa idéia."" ?J.M. Coetzee"
Os ensinamentos do Buda formam um amplo conjunto de discursos religiosos, talvez um dos maiores da história da humanidade e das religiões. O monge budista Bhikku Bodhi dedicou-se à empreitada de selecionar alguns dos textos atribuídos ao Buda presentes no Cânone Pali. Os textos são destinados, sobretudo a dois públicos distintos: o primeiro, aqueles que querem conhecer os discursos do Buda e que para isso sentem a necessidade de uma introdução sistemática, o segundo público é formado por aqueles que, apesar de familiarizados com os suttas, ainda não conseguem enxergar como eles se encaixam numa totalidade inteligível.
Esta obra, escrita por Platão, é um dos primeiros relatos da defesa de Sócrates que foi acusado de corromper a juventude, não cultuar os deuses que a cidade cultua e criar uma nova divindade. É o registro de uma das defesas mais famosas e polêmicas da história do direito e da justiça ocidentais. Sócrates foi considerado culpado e morreu após ingestão de um poderoso veneno.
"Na Europa moderna, onde a herança da Grécia se espalhou mais ou menos por todos os povos, há um cujas afinidades com ela são notavelmente acentuadas.
Há um país que ama a inteligência, sútil e harmoniosa, senhora da beleza e da vida, e cujos sucessos mais felizes, em todos os campos, têm muitos pontos de contato com os da Hélada antiga. É um país que, durante dois séculos e meio, tem feito da razão o valor supremo, e lhe tem prestado, sob o nome de Filosofia, e depois sob o nome de Ciência, um verdadeiro culto, chegando a colocá-la sobre os altares das suas igrejas, e que quis, sistematicamente, conformar com ela sua política e a sua educação.
Sabe-se que este país, a França, se vê hoje a braços com uma derrubada que lhe causa pasmo, e cuja profundidade ainda não mediu bem. Há quem negue o perigo dessa derrocada, apoiando-se na vitalidade da cultura que ainda lá floresce. Mas os espíritos lúcidos não se deixam iludir até esse ponto.
Sabe perfeitamente que, quando a Grécia foi vencida por Filipe da Macedônia, tinha Aristóteles e Demóstenes, e que um artista desconhecido esculpia nessa ocasião a Vênus de Milo. Sabem também que, quando Roma triunfou, a Grécia possuía ainda Arquimedes e Políbio e que, ainda depois, possuiu alguns dos seus grandes homens e produziu muitas das suas obras primas.
Poderia ser essa também a sorte da França e haveria muitos que se contentariam com isso.
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Pedagogia da tolerância é uma reunião de textos de Paulo Freire, organizada e anotada por Ana Maria Araújo Freire. Inclui análises e reflexões do Patrono da Educação Brasileira sobre diferentes temas: os ?nacionais?, como ele nomeava os indígenas brasileiros, a africanidade, que inclui uma conferência sobre Amílcar Cabral, a ação cultural e cidadania, o ensino/aprendizagem, alguns discursos pronunciados, cartas cheias de sabedoria e humor, além de testemunhos e depoimentos de sua vida. O prefácio é da educadora Lisete R. G. Arelaro, que foi braço direito de Paulo Freire na Secretaria de Educação da cidade de São Paulo. Em 1963, em Angicos, interior do Rio Grande do Norte, 300 trabalhadores rurais foram alfabetizados em apenas 40 horas, pelo método proposto por Paulo Freire. Esse foi o resultado do projeto-piloto do que seria o Programa Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, presidente que viria a ser deposto em março de 1964. Em outubro desse mesmo ano, Freire deixou o Brasil para proteger a própria vida. Apenas voltou a visitar o país em 1979, com a abertura democrática Ao longo de sua história, Paulo Freire recebeu mais de cem títulos de doutor honoris causa, de diversas universidades nacionais e estrangeiras, além de inúmeros prêmios, como Educação para a Paz, da Unesco, e Ordem do Mérito Cultural, do governo brasileiro. Integra o International Adult and Continuing Education Hall of Fame e o Reading Hall of Fame. ?Como educador eu não posso pensar que tenho nas mãos a salvação das classes populares ? de maneira alguma. Eu sonho com nos salvarmos juntos, mas ao mesmo tempo estou convencido de que não há salvação possível antes da libertação. Primeiro temos de nos libertar e, enquanto estivermos nos libertando, ver o que podemos salvar. A libertação não pode ser doada, presenteada em uma festa de aniversário. A libertação é algo que nós criamos, fazemos, em comunhão.?
"Aos vinte e cinco anos, em 1934, simone weil escreveu essas ""reflexões"", um verdadeiro talismã que deveria proteger qualquer pessoa que fosse forçada a atravessar a imensa massa de mentiras que circunda a palavra ""sociedade"". Como sempre nas palavras mais óbvias, se esconde uma realidade secreta e imponente, que age sobre nós ainda que ninguém a reconheça. Weil foi a primeiro a dizer com perfeita clareza que o homem se emancipou da servidão à natureza apenas para se submeter a uma opressão ainda mais sombria, ainda mais caprichosa e incontrolável: aquela exercida pela própria sociedade, pois ""parece que o homem não consegue aliviar o jugo das necessidades naturais sem agravar na mesma proporção o jugo da opressão social, como pelo jogo de um misterioso equilíbrio"". Partindo dessa intuição fundamental, com uma clara virtude argumentativa, uma série de raciocínios revelam tanto nos mecanismos de poder quanto nos de produção e das trocas as várias faces de uma mesma idolatria. Escrito quando hitler estava no poder havia alguns meses e quando stalin era reverenciado pela maioria da intelligentsia como o ""pai"" de uma nova humanidade, esse texto não hesita por um instante em descrever o horror daquele período. Mas, como sempre em weil, o olhar é tão preciso exatamente porque vai além do presente imediato e percebe uma imagem inabalável do bem, em relação à qual julga o mundo. é um olhar que nos permite ""fugir do contágio da loucura e da vertigem coletiva, reatando, por conta própria, por cima do ídolo social, o pacto original do espírito com o universo""."
Antonio Negri, autor de Império e um dos pensadores mais influentes da atualidade, redigiu A anomalia selvagem entre 1979 e 1980, durante seu cárcere italiano. Publicado pela primeira vez no Brasil em 1993, o volume é agora relançado em edição revista por Homero Santiago e Mario Marino, incluindo ainda um breve ensaio sobre a obra redigido por Marilena Chaui. Neste importante livro, Negri articula a filosofia de Baruch Espinosa (1632-1677) à história econômica, social, política e intelectual do século XVII, encontrando na ?metafísica materialista? espinosana os elementos para pensar ?uma fenomenologia da prática revolucionária? constitutiva do futuro.
A ideia que temos das obras literárias enquanto objetos culturais irredutíveis a um só significado e a um sistema de ideias, ainda que possa ser apenas um mito teórico, captura, no entanto, um aspecto da realidade literária e exprime uma vontade legítima, que nem toda nossa imaginação e que nem todos os nossos pensamentos possuam ou tenham que possuir uma relação com a realidade social presente, muito menos com as opiniões políticas, e menos ainda com as disputas políticas momentâneas» Alfonso Berardinelli
Suprimir os partidos políticos. Todos, sem exceção. Enquanto organizações hierárquicas e rígidas, eles são por definição autoritários e repressivos, mostrando na maior parte dos casos um desrespeito absoluto pela res publica, e um talento indescritível em roubar dinheiro público. Simone Weil, uma reformista revolucionária, uma das mentes mais brilhantes de sua geração, pouco antes de desaparecer prematuramente em 1943 nos deixou esta «modesta proposta».
A importância de Alois Riegl para a constituição da história da arte como disciplina autônoma e a revaloração estética de estilos - e épocas - considerados "menores", como ocorreu ao barroco, é indisputada. Sua perspectiva formalista antecipa em décadas aquela prevalecente hoje nesse campo: a ênfase na análise da obra como representativa do contexto histórico e não de algum cânone ou padrão ideal; o respeito por toda forma de arte, não distinguindo entre "maiores" e "menores", "primitivas" ou "periféricas"; a atenção dada ao papel da recepção, do observador; seu inovador conceito de Kunstwollen (o "querer [fazer]" da arte) contraposto ao de Konnen (o "saber fazer"). Este O Culto Moderno dos Monumentos: Sua História e Suas Origens, que a editora Perspectiva publica em sua primeira tradução para o português, é um exemplo sintético da aplicação de seus conceitos e de seu empirismo sensível na abordagem pioneira de como lidar com a conservação dos monumentos ao expor toda a problemática de nossa relação com o que a memória e a história nos legaram.