A começar pelo título, COSMOGONIAS destaca-se no cenário da poesia nacional recente. Se cosmogonia diz respeito às origens do mundo, aqui topamos com uma poesia, que, sem desviar-se dos temas e problemas contemporâneos, se depara com o mistério dos seres e das coisas.
?O livro não tem uma epígrafe, mas vários poemas têm. E, embora elas nos deem várias dicas, não revelam realmente o tesouro escondido de citações mais ou menos claras, menções sutis, rápidas paródias ou respeitosas homenagens e paráfrases que incorporam aos poemas uma quantidade respeitável de textos clássicos, filosóficos, literários, bíblicos, prosas e poemas da melhor tradição ocidental?, destaca a professora e tradutora Sandra Stroparo, no posfácio. E arremata: ?Em um cenário em que a poesia às vezes abusa das piscadelas modernistas da ironia e do trocadilho ou das citações chiques mas meio inconsistentes, os poemas de Otto Winck ocupam um outro lugar. A linguagem é direta e clara, mas o livro esconde tesouros, diz mais do que parece pretender?.
Para Lúcio Cardoso, em toda obra de Clarice Lispector alguma coisa íntima está queimando. E este é o seu segredo de mulher e escritora. Em A maçã no escuro esta chama queima pacientemente enquanto se narra a trajetória de um homem. Um homem, um crime, uma fuga. Como se fosse possível retroceder os ponteiros do relógio, zerar o tempo marcado e, então, começar outra vez. Martim, um fugitivo, começa a se reinventar, a manufaturar o próprio destino: ?Ele se tornou o centro do grande círculo e o começo arbitrário de um caminho.? A maçã no escuro é um romance dos anos 1950. Realizado durante o tempo em que a autora viveu nos Estados Unidos, foi concluído em Washington, em 1956. Mas só seria publicado em 1961, um ano depois de Laços de família, cujos contos primorosos conquistaram um expressivo público para Clarice Lispector. Os dois livros foram escritos simultaneamente e selam o amadurecimento da escritora. Situado entre obras decisivas do percurso literário de Clarice, A maçã no escuro fulgura como um romance denso e habitado por personagens comuns, mas que eleva o enredo a níveis impensáveis de transcendência. Embrionárias estão as questões centrais que vão eclodir em A paixão segundo G.H., depois do qual o romance brasileiro jamais será o mesmo. Clarice inaugura uma outra linha de tradição literária, porque desestabiliza as estruturas romanescas e cria parâmetros totalmente inovadores de representação. ? LÚCIA HELENA VIANNA, Doutora em Letras, professora adjunta de Literatura Brasileira.
Mais longa vida é um dos livros mais fascinantes de Marina Colasanti, mesma autora de Passageira em trânsito.Nesta obra em que impera a delicadeza, a autora transborda sua ampla cultura literária e sua intimidade com a poesia italiana e luso-brasileira. Ao escrever sobre temas como família, amor, perdas, viagens, saudade e tantos outros que perpassam uma vida plena, Marina reveste de simplicidade o que é altamente complexo e invoca um diálogo raro, nas tramas da alma, da terra e da língua.
Apesar de sua absoluta beleza, O lustre talvez seja, entre as excepcionais obras de Clarice Lispector, a menos comentada. Dele, quase não se pode falar (e sim absorvê-lo), pois não contém aquelas matérias de que se servem os romances para auxiliar-nos a fixar os acontecimentos. Embora bem pouco ocorra, sabe o leitor que algo terrivelmente forte e de grande densidade está sendo posto em movimento, expandindo-se sem cessar, não por meio de uma progressão de fatos, mas por experimentos da língua, o seu âmago, a um tempo polida e selvagem. As econômicas falas, as cenas descritas e as apreciações sobre o mundo exterior inserem-se em um campo verbal regido pelo fenômeno do fermentar, sendo as páginas cada vez mais e mais acrescidas de camadas e camadas de vocábulos, imagens e pensamentos providos (e geradores) de uma justeza estética, filosófica e afetiva inigualável. Sem defender ideias, apresenta-se o próprio ato de pensar, seu minucioso processo de formação, constituído de súbitas clarividências e de assombroso vigor, lançando-nos na crua e complexa materialidade das articulações mentais ? imaginação e pensamento, por frases límpidas e, contudo, cheias daquela violência de vida que raríssimas obras são capazes de atingir. Conviver com toda espécie de coisas: as comuns, as rudes, as excluídas. Aproximar-se dos múltiplos estados de espírito, extrair-lhes os necessários nutrientes. E assim fortalecer a vontade, para então ser capaz de escalar a existência, ir de um ponto a outro, ampliando a visão e o saber. Não se trata portanto de um livro ou de uma história a ser contada. Trata-se de valiosa e impressionante operação de arte. Por isso não é possível reter na memória, senão naquela que se encontra distribuída por todo o corpo, envolvendo especialmente a respiração e o sangue.? ROBERTO CORRÊA DOS SANTOS, Ex-professor de Teoria da Literatura e de Semiologia dos Programas de Graduação e Pós-Graduação em Letras da PUC-Rio e da UFRJ.
Bráulio Bessa conquistou o Brasil com seus cordéis no programa Encontro com Fátima Bernardes. Ilustrado pelo artista cearense André Nódoa, Um carinho na alma é um livro para aguçar a sensibilidade e aconchegar o coração. "Toda poesia é libertadora, e Bráulio Bessa comprova isso, da maneira mais total e poética: liberta a própria poesia das estantes altas e empoeiradas a que o povo não tem direito de alcançar, e faz chover poesia no território nacional, maná com gosto de rapadura sobre nossa fome de beleza." ? Pedro Bial, jornalista "Bráulio é um artista raro, de uma sensibilidade muito tocante. Com sua voz afetuosa, ele nos transporta para outros mundos e reeduca nosso olhar." ? Lázaro Ramos, ator Depois de conquistar o coração dos brasileiros com sua Poesia que transforma e passar mais de um ano entre os autores mais vendidos do país, Bráulio Bessa volta a nos brindar com poemas que nos fazem pensar e sentir. Em Um carinho na alma, ele amplia a gama da sua poesia, indo além do cordel tradicional ? mas sem jamais abandoná-lo. Seus versos falam sobre os temas que pontuam sua obra, como o amor, a esperança e a amizade, mas também a seca, a injustiça e a falsidade, produzindo as rimas inspiradas que nunca deixam de levar um sorriso aos lábios. Além de poeta, Bráulio é também um grande contador de histórias. Por isso, além dos poemas, o livro traz relatos de sua infância em Alto Santo, da vivência com a família e os amigos, e de suas andanças de norte a sul do Brasil, abraçando e falando com o povo que tanto lhe prestigia.
Antes de mais nada eu gostaria de pedir licença ao seu coração, pois sinto que a relação que vamos criar a partir de agora é muito forte. Eu escrevi neste livro as poesias sobre os lugares mais íntimos em mim, aqueles lugares que são tão profundos que até eu mesmo só consigo visitar às vezes... Estou me apresentando para você como sou, sem rosto, sem voz e sem cheiro. Apenas ideias. E tudo o que sou são ideias.
Neste momento, uma voz está lendo estas palavras em sua cabeça, dentro da sua imaginação, e já não é mais a minha voz, eu não sei como ela é, mas espero que seja doce e suave. Seus pensamentos estão dançando com os meus, e já não sei mais onde eu termino e você começa, e esta é a relação mais íntima que eu já tive com alguém. Obrigado por estar aqui.
O ensaio ?Poesia e paratexto: a descida de Sant?Anna aos infernos da modernidade? estuda em três partes interdependentes a poesia, o paratexto e o poeta. Na primeira parte o autor analisa a formação da lírica moderna, realizando uma síntese vigorosa de sua evolução desde o século XIX. Na segunda parte, examina os elementos paratextuais que coexistem com o texto, ou seja, escritos acessórios como notas, sinopses e epígrafes, sem os quais não se reconhece o livro como objeto de cultura no mercado editorial. Na última parte, o ensaio investiga o emprego literário do paratexto em ?Poesia sobre poesia?, livro que marca a ruptura do poeta Affonso Romano de Sant?Anna com as vanguardas brasileiras. Obra de interesse na área dos estudos literários e da editoração de livros.
Um livro presente para dizer a frase mais importante de todas para quem você ama, inspirado no vídeo do papai pop Marcos Piangers, que emocionou mais de 50 milhões de pessoas na internet. Não tenha medo de dizer ?eu te amo?. Porque o eu te amo tem poder. O ?eu te amo? muda vidas. O ?eu te amo? constrange; o ?eu te amo liberta?. Nunca é tarde para começar a praticar.
Vanessa Barbara tem um texto irresistível. Com iguais doses de graça e delicadeza, humor e algum escárnio ela produz crônicas que parecem ocupar um lugar movediço e intermediário entre o comentário cultural, a reportagem, a antropologia de bolso e - claro! - a própria tradição desse gênero tão adorado pelos brasileiros.
Em O louco de palestra estão reunidos alguns dos melhores e mais deliciosos textos da jovem escritora brasileira. Originalmente publicadas em jornais (como Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo) e revistas (como piauí), as crônicas versam sobre o bairro paulistano do Mandaqui - a zoada Combray de Vanessa -, seus tipos peculiares e sua animada vida social, hilariantes resenhas de linhas de ônibus, comentários sobre televisão, observações sobre o urbanismo paulistano e (como no caso da crônica que empresta seu título ao livro) a cristalização de um tipo que sempre existiu, mas que, graças às palavras de Vanessa Barbara, alcançou a eternidade: o louco de palestra, aquele sujeito meio abilolado que intervém, comenta e causa em palestras, conferências, debates, colóquios. O texto, publicado na revista piauí, é hoje um pequeno clássico da nova crônica brasileira.
Num dos mais delicados textos do livro (não por acaso escrito à maneira de Rubem Braga), pode-se ler: Queria escrever um texto bonito, algo que a moça das verduras pudesse levar consigo no ônibus após um dia sem couves, e que ela fosse reler de mansinho e recortar para as amigas. Com O louco de palestra, Vanessa Barbara chegou lá. Ela faz rir e emociona.