Em um texto forjado pela dor do luto ? uma carta escrita a sua irmã por ocasião do falecimento de seu pai ?, Blaise Pascal oferece dois conceitos-chave para a teoria do pecado original: o amor-próprio, que consiste no direcionamento a si mesmo do amor infinito devido a Deus, e o vazio infinito, isto é, a falta instituída no homem pela queda, somente preenchível pelo Cristo Mediador. Por meio de um estudo meticuloso da Lettre, das demais obras de Pascal ? notadamente, os Pensamentos e os Escritos sobre a Graça ? e dos autores que mais influenciaram o pensamento pascaliano ? Santo Agostinho, Cornelius Jansenius e Saint-Cyran ?, Andrei Venturini Martins demonstra a originalidade do filósofo francês na discussão sobre a origem do mal. Do Reino Nefasto do Amor-Próprio será uma leitura enriquecedora para estudiosos tanto de filosofia como de teologia, e para todos atentos à presença do mal no mundo.
3 MESES DE GARANTIA PELO FABRICANTE
Na origem dos diversos discursos sobre o «fim da filosofia» ? muitos dos quais «na moda» ? que, ao menos desde Nietzsche, tanto caracterizam o pensamento do Ocidente, está a «sentença» hegeliana: que a philo-sophía deixe de chamar-se «amante» e se afirme, finalmente, como puro saber, Sophia ou mesmo Ciência. Amor e Saber devem dizer adeus um ao outro. E que o sophós dispense sua veste de eterno peregrino e fixe sua morada. É esse o destino de nossa época? Ou ainda há «aquilo» que não podemos exprimir, representar, indicar a não ser amando-o? O discurso filosófico-metafísico carrega em si o rastro dessa tensão, e é justamente aí que encara seu problema, sua aporia constitutiva: o ente é, em sua singular identidade jamais coincide com as determinações que o lógos lhe predica, e sua substância não pode desvelar-se na finitude de seu aparecer. Toda ontologia deve estar baseada nessa diferença ? não diferença entre ser e essente, mas diferença imanente à realidade do próprio essente, e, em particular, exatamente desse extra-ordinário essente que tem corpo e mente. Para além do exercício cada vez mais vazio das des-construções, para além das abstratas especializações, para além da academia e das escolas, será a tal problema ? eterno aporoúmenon ? e ao «temor e tremor» que ele suscita que este livro pretende retornar para, escutando alguns grandes clássicos da tradição metafísica, desenvolvê-lo mais uma vez. Partindo dele, ou sempre reativando-o, talvez inconscientemente, a filosofia conduziu a própria busca por diversas trilhas, de certa forma contemporâneas, que se contradizem e se cruzam ao mesmo tempo, numa espécie de inimizade fraterna. Com seu próprio modo de proceder, essas trilhas acabam por criar o «lugar» de um paradoxal labirinto, que obriga a sair de seu centro em direção a imprevisíveis saídas ? ou a formar uma grande árvore da qual essas trilhas são ramos, raízes e rizomas.
Aristóteles investiga neste volume o que vem ser a alma. Descrevendo conceitos para entender a alma, para ele esta é inerente a vida. Aristóteles divide a alma em três: a alma sensitiva, intelectiva e vegetativa. Tudo e todos têm alma. O autor questiona: ?Quem dá forma ao corpo?? É assim, levantando essas questões que Aristóteles tenta entender a alma.
"Esta obra busca mostrar qual foi ? e ainda é ? a influência exercida pela Escola de Frankfurt sobre cultura ocidental, em geral, e a cultura americana, em particular. O livro, entretanto, não se limita a esquadrinhar a ?teoria crítica? frankfurtiana, mas discorre sobre o bem e o mal, sobre a Queda do homem, sobre a vida cotidiana, sobre a idéia de que é a arte ? e não a ciência ? o farol para o caminho da redenção.
O autor mostra como a ?teoria crítica? liberou os demônios da Caixa de Pandora na psique americana, traçando uma jornada do herói, uma odisseia literária: descida ao inferno da degradação atual, causada pelo niilismo moderno, para apontar aos poucos para o alto, indicando uma salvação.
A analogia traçada entre o presente e a ópera O Palácio de Prazer do Demônio, composta pelo jovem Schubert, evidencia o imutável desejo da humanidade de arrostar as forças ocultas: bem e mal, Céu e Inferno, Deus e Satanás. Após a Segunda Guerra, o Ocidente se entregou a um moderno palácio do prazer feito de promessas de ?justiça social? e igualdade: um mundo que se só parece com o Céu. O livro não trata de como, mas por que lutar contra esse mundo de ilusões infernais prometido pela Escola de Frankfurt.
"
Vida precária é um momento de inflexão na trajetória da filosofia de Judith Butler. Temas como a crítica à violência de Estado, a denúncia das torturas aos prisioneiros de Guantánamo, a fina percepção do estado de exceção em que o governo dos Estados Unidos opera na sua contraditória defesa da democracia, o recurso ao pensamento de Michel Foucault ? notadamente aos temas da governamentalidade e da biopolítica ? e uma interlocução com a ética de Emmanuel Lévinas fazem deste livro um marco no percurso de Butler. Considerado seu livro mais inflamado e pessoal, é uma leitura incontornável no campo do pensamento contemporâneo. Do subtítulo ? Os poderes do luto e da violência ?, o leitor desta pequena obra-prima da filosofia política pode depreender que há um fio condutor que vem atravessando as formulações de Butler desde seus primeiros livros: distribuição desigual do luto público, direito ao luto, vidas enlutáveis, luto como elemento fundamental de constituição de um sentimento de comunidade que se oponha ao individualismo, entre outros. Esses elementos, já presentes em obras anteriores de Butler, tornam-se aqui centrais para um debate tão atual quanto necessário no Brasil de hoje, cujas formas de violência reproduzem os mecanismos que, como percebe Butler, constituem o poder e a violência de tornar certas vidas, sempre as mesmas vidas, precárias. Carla Rodrigues
"O racionalismo na política, as massas na democracia representativa e Ser Conservador, pela primeira vez reunidos em um único livro para o público brasileiro, podem ser considerados como a melhor introdução ao pensamento do grande filósofo conservador Michael Oakeshott. Os três ensaios são reflexões claras e instigantes sobre aspectos do complexo mundo político e de seus atores e conceitos. Em uma analogia tomada de empréstimo do Marquês de Halifax, figura a qual Oakeshott admirava profundamente, o Estado seria um navio que não saía de nenhum porto, nem se dirigia a lugar algum, o trabalho era unicamente equilibrá-lo em um mar instável e imprevisível.
A priori tal posição pode parecer de um niilismo blasé, mas ao seguirmos a leitura dos ensaios selecionados fica claro o raciocínio lúcido e sofisticado que levou o filósofo inglês a ser um dos mais lidos em seu país. Leitura mais que necessária para tempos de polarização política.
André Bezamat"
"Do espírito das leis" analisa - à luz da razão, sem preconceitos e superstições, conforme o figurino iluminista - os fatos humanos do ponto de vista político, social e histórico. Segundo Raymond Aron, Montesquieu, mais que um precursor, é um dos doutrinadores da sociologia. Esta nova edição traz o prefácio do professor e estudioso José Augusto Guilhon, o que soma qualidade neste texto essencial para os estudos das ciências humanas.
Uma das mais expressivas e fecundas obras do pensamento grego e uma das que mais influenciaram a posteridade do mundo ocidental. Ética a Nicômaco revela o mais produtivo e laborioso filósofo da antiguidade às voltas com a conceituação e a investigação dos elementos fundamentais da ciência do caráter e dos costumes. Trata-se de texto de referência indispensável e obrigatório a todos os estudantes e cultivadores da filosofia, das artes e das ciências humanas, destacadamente o direito, a psicologia, a antropologia, a sociologia e a política. Edição ampliada com novos textos introdutórios e notas.
Publicado, em 1943, O SER E O NADA dá continuidade a uma reflexão que já se iniciara no princípio do século com pensadores como Kierkegaard, Jaspers e Heidegger, exercendo uma incontornável influência sonre as cinco últimas décadas. Sartre desenvolveu um prodigioso e completo sistema de "explicação total do mundo" através de um exame detalhado da realidade humana como ela se manifesta, estudando o abstrato concretamente. Ao ser publicado, O SER E O NADA causou espanto, polêmica, protestos, admiração. Com sua originalidade transgressora e contestações às verdades eternas da tradição filosófica, constitui o apogeu da primeira fase da filosofia sartriana.
Ao longo dos últimos 35 anos, uma concepção radicalmente nova da vida emergiu na linha de frente da ciência contemporânea. Essa nova visão transcende a visão mecanicista e envolve uma nova espécie de pensamento: o pensamento sistêmico. Capra e Luisi integram neste livro os muitos conceitos, modelos e teorias dessa nova compreensão científica da vida em um único arcabouço coerente. Fazendo uma ampla varredura através da história e das disciplinas científicas, apresentam uma visão sistêmica unificada que inclui e integra as dimensões biológica, cognitiva, social e ecológica da vida, além de discutir as implicações dessa visão para as nossas crises ecológicas e econômicas globais.
Considerada uma das obras clássicas da filosofia alemã, As dores do mundo apresenta uma série de reflexões sobre a existência, propondo uma nova forma de se pensar a dor e a felicidade. Temas como o amor, a morte, a arte, a moral, a religião, a política, o homem e a sociedade ilustram a teoria exposta por Schopenhauer na presente obra.Indicada a todos os estudiosos e pensadores da conduta humana, quer ligados às áreas da própria filosofia, da sociologia, da religião, como a profissionais de toda e qualquer área em que se faça necessário o entendimento dos meandros que constituem a base do comportamento humano. O filósofo traz reflexões sobre a existência, cuja finalidade, segundo ele, seria a própria dor, constituindo-se o mundo num lugar de expiação. Para Schopenhauer, faz-se necessário refutar as premissas estabelecidas pelos sistemas metafísicos que entendem o mal como algo negativo. Pois, do seu ponto de vista, ao contrário do bem, o mal é que deve ser considerado positivo, uma vez que somente ele se faz, de fato, sentir. O autor tece aqui suas considerações fundamentando-se na teoria de que "O bem, a felicidade, a satisfação são negativos porque não fazem senão suprimir um desejo e terminar um desgosto, em geral, achamos as alegrias abaixo da nossa expectativa, ao passo que as dores a excedem sobremaneira".