Humor levanta a questão de como o humor pode ser ao mesmo tempo uma forma de companherismo, um vislumbre de utopia e uma arma política a ser utilizada contra os poderosos.
Por que rimos? Como distinguir a infinita variedade de possibilidades do riso? O humor é subversivo ou pode ajudar a amenizar as discordâncias? Este estudo reflete sobre a natureza do humor e suas funções, examinando criticamente várias teorias a respeito do tema. Baseando-se em uma ampla gama de fontes literárias e filosóficas, Terry Eagleton passa de Aristóteles e Tomás de Aquino a Hobbes, Freud e Bakhtin, observando em particular os mecanismos psicanalíticos subjacentes ao humor e sua evolução social e política ao longo dos séculos.
Com uma radicalidade lúcida e furiosa que demole qualquer noção conservadora e normativa, Um apartamento em Urano oferece ao leitor uma coletânea essencial do pensamento de Paul B. Preciado. ?Não sou um homem. Não sou uma mulher. Não sou heterossexual. Não sou homossexual. Tampouco sou bissexual. Sou um dissidente do sistema sexo-gênero. Sou a multiplicidade do cosmos encerrada num regime político e epistemológico binário gritando diante de vocês.? Um dos pensadores mais radicais e indispensáveis da atualidade, Paul B. Preciado apresenta aqui uma seleção das suas ?crônicas da travessia?. Produzidos na última década, a maioria em quartos de hotel ou aeroportos, os textos acompanham seu processo de transição de gênero e podem ser lidos como um diário dessa passagem. Com sua escrita brilhante, o filósofo espanhol analisa processos contemporâneos centrais de mutação política, cultural e sexual, como as novas formas de violência masculina, o assédio a crianças trans, os Estados Unidos de Trump, a apropriação tecnológica do útero e o trabalho sexual. Um livro corajoso, transgressivo e urgente que defende, acima de tudo, a liberdade dos corpos e das subjetividades.
Qual o papel da religião no embate entre o bem e o mal sob a perspectiva filosófica? A Religião nos Limites da Simples Razão é uma tentativa de Kant de discutir a fé e o sistema religioso a partir do raciocínio lógico. O autor descarta conceitos ligados à iluminação divina e adota como caminho o esclarecimento interior, sempre pautado pelo pensamento puramente racional. Trata-se de obra fundamental para a compreensão de vários questionamentos relativos à religiosidade.
Um verdadeiro banquete de sabedoria é o que o italiano Dante Alighieri oferece, sobretudo aos podres, neste tratado escrito em dialeto florentino no século XIII. Na época, o latim era a língua de transmissão do conhecimento, privando as pessoas simples do debate científico, político e filosófico. Filho de importante família florentina, o autor abre caminho para a democratização da informação com um livro delicioso que nos faz retroagir à Idade Média.
Não se espere encontrar neste texto o acabamento de uma obra preparada para publicação. Não obstante, este livro é bem rico e fecundo, e não apenas por ser o testemunho da atividade docente de um pensador que marcou a filosofia e a cultura do século XX e que continua bastante atual. A riqueza e fecundidade do texto residem antes em fazer aparecer, de maneira clara, as linhas fundamentais de desenvolvimento do pensamento nietzschiano a partir de uma interpretação de conjunto da filosofia platônica, que era, justamente, venerada, no tempo do jovem Nietzsche, como modelo de profundidade de pensamento e de beleza de estilo.
"Somos todos donos da razão. O nosso jeito é o jeito certo. Com a gente no comando, o país seria melhor. Não respeitamos nada que nos contradiga. Somos todos intolerantes. Somos todos canalhas.
Somos todos canalhas?
Você concorda com isso? Não, né? Mas talvez você concorde que todos nós já estivemos canalhas. Porque nem sempre reconhecemos que nossa opinião pode estar equivocada.
Não foi à toa que este livro foi escrito em forma de diálogo. Aqui, Clóvis e Júlio compartilham suas ideias sobre o conceito de valor, apresentando pensamentos das mais diversas correntes da filosofia, dos antigos gregos até os modernos utilitaristas, em falas que se contradizem, mas ainda assim ? ou por isso mesmo ? se somam. Juntos, eles nos fazem pensar no mundo à nossa volta e em nosso próprio comportamento."
Com clareza, humor e sem medo do confronto, Paulo Ghiraldelli Jr. usa a filosofia para tentar explicar um presidente que tem o desgoverno como modo de governar Entender ? e explicar ? Jair Bolsonaro não é tarefa simples. A interpretação do que faz e representa o atual presidente e seu governo passa longe dos modelos tradicionais de análise. Por isso A filosofia explica Bolsonaro, de Paulo Ghiraldelli Jr., chega como um livro fundamental: o olhar crítico, feroz e original do autor ajuda a observar o Brasil de Bolsonaro a partir da lógica do atual governo ?uma lógica fora dos padrões a que estamos acostumados. Polêmico na forma e sem medo do confronto no conteúdo, o filósofo disseca, em capítulos ágeis e breves, os atos e, sobretudo, os personagens que protagonizam talvez a mais profunda ruptura com os padrões tradicionais a que assistimos na história política e cultural brasileira. Além do próprio presidente e seu amor pelo caos, do ministro vaidoso e ambicioso Sérgio Moro e do guru terraplanista Olavo de Carvalho, ele analisa os filhos do capitão (conhecidos como 01, 02 e 03), o MBL, o ministro Paulo Guedes e seu neoliberalismo singular, o ?chanceler olavete? Ernesto Araújo, os militares de Bolsonaro (ou o Bolsonaro dos militares)... Sem esquecer os temas que mais mobilizam a cabeça ? e a raiva ? do presidente e seus seguidores: a educação, o meio ambiente, a cultura e, claro, o ex-presidente Lula, a esquerda e o comunismo, alvos costumeiros da direita bolsonarista. Autodeclarado de esquerda, mas sem vínculos partidários e, acima de tudo, mantendo sempre uma consciência crítica em relação às próprias esquerdas, especialmente ao PT, Ghiraldelli acredita que qualquer mudança positiva só é possível a partir do pensamento, da reflexão, da capacidade de enxergar o mundo criticamente. É sob esse prisma que ele escreve também a respeito de temas diversos e polêmicos como, entre outros, a agressividade do que chama de ?direita hormonal?, a tal ?ideologia de gênero? e a selvageria em relação ao meio ambiente. Ao fim, faz uma defesa do conhecimento e do saber num país cujo presidente é, em sua visão, uma criatura com horror às artes e à ciência. Com clareza, humor e espírito combativo, Paulo Ghiraldelli Jr. apresenta um texto destinado a todos os tipos de leitores ? ou, pelo menos, a todos aqueles que estão dispostos a pensar. Até porque, em suas próprias palavras, ele escreve ?para radicalizar, polarizar, criar conflitos?. Seus objetivos com este novo livro certamente serão alcançados: A filosofia explica Bolsonaro vai ampliar a conversação política no Brasil e também a lista de leitores, amigos e inimigos do autor.
"Na Segunda epístola aos Tessalonicenses, que a tradição atribuía a São Paulo, aparece a enigmática figura de uma potência, o katechon, algo ou alguém que contém-retém-freia o assalto do Anticristo, mas que deverá ser eliminado ou liquidado ? para que o Anticristo se manifeste ? antes do dia do Senhor. E a interpretação dessa figura é aqui o pano de fundo sobre o qual se desenvolve uma reflexão geral ? em constante «acordo divergente» com a posição de Carl Schmitt ? sobre a «teologia política», ou seja, sobre as formas em que ideias e símbolos escatológico-apocalípticos se foram secularizando na história política do Ocidente, até o atual esquecimento de suas origens.
Com qual sistema político pode encontrar um compromisso o paradoxo monoteístico cristão, a fé no Deus-Trinitas? Com a forma do império, ou com a de um poder que freia, contém, administra e distribui? Ou se trataria, na verdade, de encontrar uma contaminação entre as duas? Muitas das decisões políticas que marcaram a nossa civilização giram em torno dessas questões, que na obra de alguns de seus maiores intérpretes, de Agostinho a Dante e Dostoiévski, alcançaram uma dramática representação.
As reflexões formuladas neste ensaio se completam com uma antologia das passagens mais significativas da tradição teológica, desde a primeira patrística até Calvino, dedicadas à exegese da Segunda epístola aos Tessalonicenses, 2, 6-7."
Neste livro Schopenhauer apresenta 38 estratégias sobre a arte de vencer um oponente num debate, não importando os meios, utilizando a maior ferramenta que possuímos a palavra. É possível recorrer a estes estratagemas, lícitos e ilícitos, para 'obter' razão, e defendê-la quando ela estiver do nosso lado ou conquistá-la quando estiver do lado do adversário. Com frieza classificatória, Schopenhauer indica 'os caminhos oblíquos e os truques de que se serve a natureza humana em geral para ocultar seus defeitos'.
'Não nascemos prontos!', de Mario Sergio Cortella, apresenta crônicas que discutem temas diversos à luz da filosofia. A grande qualidade do livro é a união entre a filosofia e o cotidiano. O autor faz esta relação nos ensaios que tratam de temas como acomodação, flexibilidade para as mudanças, a pressa característica do mundo atual, aceleração do cotidiano, falta de esperança das novas gerações e o sentido da amizade. Esta obra leva o leitor a refletir sobre temas como responsabilidade ética e social, gestão corporativa para empresas, gestão do conhecimento, do ser humano e do ócio recreativo.