Ao contar a história do Jornal da Tarde, neste livro vencedor do Prêmio Amazon de Livro-Reportagem, Ferdinando Casagrande traz exemplos de como a profissão de jornalista entusiasma, empolga, encanta. Ninguém sentia os sacrifícios exigidos na busca da informação e no esmero ao apresentá-la com brilho e clareza, de maneira que o leitor se sentisse atraído e, de imediato, entendesse o que lhe era oferecido para ler. A equipe inteira se empenhava nisso, todos vibravam a cada edição. Todos tinham consciência de que estavam produzindo o jornal mais criativo do Brasil. Estudiosos do jornalismo com certeza perceberão que o JT de 1968 introduziu um jeito novo, diferente, de iniciar o texto jornalístico, até então dominado pela fórmula consolidada uma década antes pelo Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro.
O autor mergulha nas mais de quatro décadas e meia de glória e derrocada do notável jornal da família Mesquita. É trabalho de fôlego, como o leitor verá. Tomou a decisão de escrevê-lo quando deixou o jornal, poucos anos antes do fim. E acabou nos legando, com sucesso, não o obituário, mas a história completa, de excelente leitura.
Vozes historicamente silenciadas encontram em Mulheres quilombolas espaço para compartilhar saberes a partir de suas perspectivas, como faziam nossos ancestrais reunidos em torno do fogo, no ritual de transmissão e perpetuação de conhecimentos basilares para a comunidade. As autoras trazem para a roda uma diversidade de pautas em geral invisibilizadas na sociedade, contribuindo com suas visões de mundo, seus conhecimentos acadêmicos e suas experiências de vida para abrir novas possibilidades de debate. Assumindo o lugar de guardiãs dos saberes ancestrais, de lideranças políticas, de mulheres racializadas na sociedade, expõem em suas reflexões os muitos atravessamentos que a discussão em torno do que é ser mulher quilombola abarca. Para além da pauta identitária, como protagonistas de suas próprias histórias, as autoras denunciam os muitos percalços enfrentados pela população quilombola - que existe (e resiste) em torno de quatro mil comunidades em quase toda a extensão do Brasil -, lamentavelmente pouco divulgados e discutidos na mídia e em nossos círculos sociais. Uma oportunidade privilegiada de estabelecermos diálogo com uma epistemologia e uma realidade social em geral pouco conhecida, com uma Outridade ainda invisibilizada. Um livro do Selo Sueli Carneiro, coordenado por Djamila Ribeiro.
CATORZE ROMANCES. CATORZE VENENOS. SÓ PORQUE É FICÇÃO NÃO SIGNIFICA QUE FOI TUDO INVENTADO
Agatha Christie, a grande dama do romance policial, se deleitava ao usar veneno para matar as infelizes vítimas em seus romances. De fato, envenenamento foi o método mais utilizado quando era preciso eliminar alguém sem deixar pistas e, com frequência, o próprio veneno é parte central de muitas de suas obras. O que poucos sabem é que a escolha de substâncias mortais estava longe de ser aleatória. Muitas vezes, as características de cada um dos venenos selecionados fornecem pistas cruciais para a descoberta do assassino. Se com tiros e facadas a causa da morte é óbvia, este não é o caso dos venenos. Mas como é que alguns compostos são tão letais, ainda que em quantidades tão pequenas? O extenso conhecimento da romancista sobre química compõe a essência deste Dicionário Agatha Christie de Venenos. Durante a Primeira Guerra Mundial, a escritora atuou como enfermeira voluntária num hospital de sua cidade, Torquay, Inglaterra, e quando um novo dispensatório foi aberto na instituição, ela foi trabalhar lá. A nova função exigia treinamento adicional e exames para se qualificar como auxiliar de farmácia ou dispensária, o que Christie fez em 1917. Na época, as receitas médicas eram preparadas à mão; venenos e substâncias perigosas eram pesados e verificados com cuidado antes de ser entregues. Ao longo dos anos, a Dama do Crime montou uma biblioteca médico-legal considerável, sendo The Extra Pharmacopoeia, a obra mais completa e importante de Martindale, o livro mais consultado de sua coleção. Kathryn Harkup, com formação na área química, investiga catorze venenos usados pelos assassinos em catorze mistérios clássicos de Agatha Christie, e analisa como certos produtos químicos interagem com o corpo e por que matam. Além disso, a autora, leitora e grande fã da obra de sua homenageada, detalha os casos que podem ter inspirado Christie e a viabilidade de obter, administrar e detectar esses venenos, tanto na época em que os romances foram escritos quanto hoje. O minucioso trabalho de Harkup inclui ainda uma incrível pesquisa com o resumo de todos os assassinatos relacionados à veneno na obra de Christie. Como afirma a autora no texto de abertura do Dicionário Agatha Christie de Venenos, ?Christie se aproveitou de seu detalhado conhecimento sobre substâncias perigosas para desenvolver as tramas. Usou venenos na maior parte dos livros, muito mais do que qualquer um de seus contemporâneos, e com alto grau de precisão, mas não esperava que o leitor tivesse perícia médica. Os sintomas e a eficácia das substâncias são descritos de modo sucinto e na linguagem cotidiana [...]. Compreender a ciência por trás dos venenos que Christie usava só permite apreciar ainda mais sua inteligência e criatividade ao tecer tramas?.
"""?Quando vi pela primeira vez na tevê o cidadão que se intitulava João de Deus, não hesitei em dizer para minha mulher, ao lado: é bandido.? A frase é do médico Drauzio Varella, em coluna no jornal Folha de S.Paulo no início de 2020. Poucos anos antes, porém, essa franqueza era rara no debate público. João de Deus desfrutava das bênçãos do establishment. Frequentava festas de políticos, recebia artistas brasileiros e estrangeiros, via formarem filas quilométricas em frente à casa onde atendia, na pequena cidade de Abadiânia, no interior de Goiás. No fim de 2018, veio a público uma onda de acusações de assédio sexual contra o líder espiritual. Dezenas de mulheres saíram da sombra para contar experiências de abuso e estupro. Em seguida surgiram as denúncias na Justiça. E então o castelo de cartas de João de Deus começou a desmoronar. Este livro mergulha nessa história e mostra que ela é ainda mais assustadora. Ao longo de quarenta anos, desde os primórdios do centro de atendimento de João de Deus, fundado no fim dos anos 1970, foram se acumulando episódios nada edificantes. Atores foram contratados para fingir serem doentes. Uma escritora estrangeira pagou para acobertar abusos do líder no exterior. Mortes e assassinatos ficaram sem explicação. Em Abadiânia, são comuns relatos sobre pessoas que sumiram após se indispor com João de Deus. Diversos moradores tiveram seus bens confiscados por capangas após brigar com a figura mais poderosa da cidade. Como muita gente enriqueceu graças aos milhares de dólares dos turistas estrangeiros, o silêncio impera na região. Durante o processo de apuração, ao longo do ano de 2019, o autor Chico Felitti visitou a cidade meia dúzia de vezes. Passou uma semana dentro da seita. Saiu de lá com uma reportagem brilhante, capaz de revelar as entranhas de um líder à brasileira: corrupto e empreendedor, criminoso e carismático, sedutor e profundamente cruel. """
Uma carta aberta de encorajamento a mulheres de todas as idades, Uma gloriosa liberdade celebra vidas extraordinárias vividas na maturidade e redefine o significado de envelhecer, com histórias sobre mulheres acima dos 40 anos que estão prosperando.
Mesmo diante de tantas adversidades, preto nos traz as paixões pela vida coletiva, os medos e receios da lida diária, relembra as amizades e os parceiros e nos oferece seus aprendizados do cotidiano, onde sentimos pulsar muita energia para embalar os dias desafiadores em que vivemos. Na forma única de escrever e nas histórias inspiradoras, preto zezé revela sua capacidade empreendedora, sua habilidade mediadora e sensata de dialogar e, a partir de uma maneira singular e amorosa, sua visão inovadora e ousada da favela como ambiente de potência e poder.
Best-seller internacional. A inspiradora luta de um pai e seu filho para se manter juntos e sobreviver ao Holocausto. Em 1939, Gustav Kleinmann, um estofador judeu, e seu filho, Fritz, são capturados pelos nazistas em Viena e enviados a Buchenwald, na Alemanha. Esse é o início de uma história real, comovente, em que seus protagonistas serão vítimas dos maus-tratos mais cruéis, em busca da sobrevivência. Quando Gustav recebe a notícia de que será transferido para Auschwitz, na Polônia, Fritz fará o possível para não se separar do pai. Frente ao horror cotidiano de que são testemunhas, só uma força os manterá vivos: o amor entre eles. Com base no diário secreto de Gustav e em uma meticulosa pesquisa documental, O garoto que seguiu o pai para Auschwitz é uma história de lealdade e luta. ?Uma história extraordinária.? ? The Times
Após 45 anos de dedicação exclusiva ao Grupo RBS ? a principal empresa de mídia do Sul do país e uma das gigantes da comunicação no Brasil ?, Nelson P. Sirostky sentiu que era hora de repensar seus objetivos e dar início a uma nova etapa em sua vida.
Desse momento de reflexão nasceu este livro escrito a quatro mãos em parceria com a romancista Leticia Wierzchowski. O oitavo dia conta a trajetória de Nelson, ajuda a entender a sua personalidade, mostra os bastidores dos 21 anos em que esteve na presidência da RBS e narra a saga de sua família ? da chegada de seus avós ao Brasil, fugindo dos horrores das perseguições religiosas, aos dias de hoje.
Dividido em quatro narrativas que se cruzam, o livro é um misto do relato franco e honesto do protagonista-autor com pesquisas e histórias reais, entrelaçados num fio habilmente urdido pela autora. Tudo isso daria mesmo um instigante romance.
Repleto de personagens fortes e marcantes, este é o retrato literário da alma de um ser humano que se reinventa a partir de suas virtudes e fraquezas, um mergulho por seus valores e sua espiritualidade. Uma história de passado e futuro, de coragem, recomeços e memórias.
Muitos escreveram sobre José Dirceu, com mais erros do que acertos. Com tempo, na prisão, ele mesmo escreveu a fascinante história de sua vida. Os bastidores inéditos de sua militância estudantil nos anos 1960, o exílio e o treinamento para ser guerrilheiro em Cuba, a cirurgia plástica que mudou seu rosto, a vida clandestina no Brasil nos anos 1970, a volta à legalidade com a anistia, em 1979, e sua ascensão no Partido dos Trabalhadores, onde se tornou presidente e maior responsável pela eleição de Lula à presidência da República. Pela primeira vez ele revela segredos dos bastidores da luta política dentro do PT e do próprio governo, onde foi chefe da Casa Civil e provável sucessor de Lula, até ser abatido pelas denúncias do chamado ?Mensalão?. No primeiro volume de suas ?Memórias? ? outro virá, com novas revelações ? ele expõe o que jamais foi dito sobre sua vida e sobre os principais líderes da política brasileira nos últimos 50 anos. Um livro imprescindível para se entender como foi a luta contra a ditadura miliar, a redemocratização, a derrubada do presidente Fernando Collor, a oposição aos governos de Fernando Henrique Cardoso, a eleição de Lula e Dilma e o atual momento político do país.
Jan e Antonina Zabinski eram os encarregados cristãos do Jardim Zoológico de Varsóvia quando, no início da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha invadiu a Polônia, e os bombardeios que destruíram a cidade mataram boa parte dos animais. O casal passou, então, a esconder judeus nas celas vazias, aproveitando a obsessão dos nazistas por animais raros e com isso salvou mais de trezentas pessoas condenadas. Sua história, no entanto, desapareceu por entre as frestas da "grande" História, como às vezes acontece com os atos de compaixão radical e extrema coragem. Este livro de Diane Ackerman é o testemunho poderoso dessa coragem, uma história que celebra, com rara sensibilidade, a beleza, o mistério e a tenacidade do espírito humano e da própria vida.
Ex-militar durão e atirador de escolta, William Morgan deixou os Estados
Unidos em 1957 para se unir a guerrilheiros nas montanhas de Cuba.
Liderando grupos de combatentes, ele, Che Guevara e outros avançaram
pelo país até conseguir forçar o ditador corrupto Fulgêncio Batista a
entregar o poder. No entanto, ao assumir o poder, Fidel Castro cancelou
as eleições, confiscou propriedades e encarcerou companheiros de
batalha, inclusive Morgan. Em meio a um apaixonado romance com a
bela e decidida rebelde Olga Rodríguez, com quem depois se casou, os
dois decidiram se opor ao novo governo, tentando retomá-lo das mãos
de Fidel e Che. Com base nos diários de Olga e em informações liberadas
pelo FBI, a CIA e a inteligência do Exército dos EUA, os ganhadores do
Pulitzer Michael Sallah e Mitch Weiss revelam os pormenores do
funcionamento interno da Revolução Cubana, ao mesmo tempo em que
apresentam o amor entre uma mulher dedicada a seu país e um herói
americano comum, que imprimiu sua marca na história.