Viver deu nisso. Em roteiros: os de cinema, os de viagem, o que são guiados ou desviados pelo destino. Também em paixões: por pessoas, por espaços, por ideias. Deu ainda em tropeços e recomeços, em idas e vindas, em pé no chão e cabeça na lua. Viver, como mostra Martha Medeiros, deu nisso, em mais este livro, espécie de diário poético (ou seria profético?), com suas crônicas que misturam memórias e histórias ? as reais e as ficcionais. São textos que escancaram e são descarados. Dão a cara para bater ao falarem de aborto, de arte, de assédio. Mas que, por mais despudorados que sejam, são repletos de amor, humor, calor humano. Porque Martha respira cada palavra que escreve, fazendo delas a matéria viva de sua existência. Nas mais de cem crônicas aqui reunidas ? pequenos fragmentos cotidianos ?, ela parece ser aquela amiga que está sempre por perto, ou a irmã com a qual temos mais afinidade. Exagero? Talvez... Mas o que seria da vida sem fantasia? Sem a possibilidade de pularmos corda em pleno espaço como um homem das estrelas orbitando em uma música ao longe? Para Martha, com certeza, não teria a menor graça. Porque viver, quem diria, é isso.
"Descobertas e reminiscências em retratos bem humorados e ternos, do grande cronista brasileiro Fernando Sabino, agora em nova edição. Ao longo de No fim dá certo - título tão expressivo quanto otimista -, o que ocorre são alguns preciosos achados, vistos com lupa por este autor tão sensível do cotidiano. Com humor característico, Fernando Sabino relaciona """"Na lista das pequenas coisas que o desagradam a cada passo"""": os compromissos marcados com mais de 24 horas de antecedência, responder cartas, compras a prestação, tirar gelo de formas da geladeira, qualquer espécie de farda ou uniforme, poltronas sem braços, bichos que voam, exceto passarinhos, cortar unha, especialmente do pé, luz fluorescente, poema lido pelo autor, banho frio, talher de peixe, filme dublado, despedida em aeroporto, e, curiosamente, escrever. Por outro lado, o autor também enumera algumas pequenas coisas que aprecia: dia de chuva sem precisar sair de casa, o momento em que o avião toca no solo e vira automóvel, a parte do meio da torrada Petrópolis partida em três, pagar a última prestação, descobrir que ainda é cedo, dar tempo de tomar mais um, já ter lido Guerra e paz, Odisseia e Dom Quixote, passarinho solto, andar pela casa sem testemunhas, falando sozinho ou completamente nu, sair sem se despedir, e, naturalmente, fazer listas de pequenas coisas que o agradam. Ainda, sugestões para trocas de títulos de livros famosos de amigos escritores, brincadeiras com pérolas da tradução literária, os princípios do que chama """"Lei Anti-Murphy"""" - é destas e outras descobertas que No fim dá certo é composto."
De um lado, uma mulher viaja num trem rumo a Paris, onde vai dar uma conferência na Sorbonne, e se recorda da menina que a gerou. Do outro, uma menina parte de seu presente para encontrar a mulher que ela se tornou.
As duas histórias deste livro comovente de Simone Paulino, vão se cruzar pelas mãos do leitor que, não sem surpresa, descobrirá o que une ambas, a mulher-menina de ?Em retratos? e a menina-mulher de ?Abraços negados?. Na primeira narrativa, temos um álbum que represa, em suas ?fotos?, instantes de luz e sombra de uma vida, plasmado na arquitetura dos vitrais (que só existe pela junção dos cacos).
Se ?o menino é o pai do homem?, como disse Machado de Assis, aqui a menina (lembrada) é a mãe da mulher (que lembra). Mas não basta aquela gerar essa ? como afirmou outra Simone (a de Beauvoir), é preciso se fazer mulher (o que é sempre prova de resistência). Na segunda história, as reminiscências saem do 3×4 e assumem a visada da mulher já no mundo adulto, em fragmentos maiores, que registram ausências tão dolorosas quanto as presenças, pois essas, embora amadas, são testemunhas dos afagos suspensos.
O chão, as cores e as perdas na infância ganham beleza pelo líquido revelador (a escrita afetiva) de Simone Paulino. Ao fim, o leitor compreenderá por que na confluência da latitude (uma história) com a longitude (a outra história), irrompe uma margarida supra-literária ? irmã daquela que brotou, entre as gretas do asfalto, nos versos drummondianos de ?A flor e a náusea?.
Este livro te leva a uma viagem sobre eventos sinistros que acontecem no apartamento ao lado ou, até mesmo, dentro de tua própria casa. Estes contos de suspense te guiarão através da mente de pessoas aparentemente normais e te fará sentir suas mais primitivas emoções. Um fascínio sobrenatural que nos seduz desde nossos ancestrais. Ao ler estes contos de suspense, te convido a mergulhar em histórias sombrias, escutando músicas extraordinárias. Mas lê sem pressa. Saboreie cada gota de emoção lentamente. Também te convido a reunir bons amigos em torno de uma fogueira. Desliguem os smartphones. Contem histórias. Riam. Divirtam-se. Roteirizem e filmem. Soltem a imaginação e sejam felizes.
As 13 narrativas de O sopro da voz traz na obra do escritor 8 contos premiados e um total de 10 prêmios conquistados em concursos literários nacionais nos recentes anos.
"Profundo conhecedor de artes visuais, fascinado por Mozart e por Nijinski, o poeta mineiro reúne erudição singular e múltiplos interesses. Em Poliedro, seu largo horizonte intelectual se desenvolve em fragmentos que se aproximam dos aforismos e dão novos ares à prosa lírica, numa mistura de reflexão, memória, poesia, ensaio e verbete.
Dividido em quatro partes ? ?Microzoo?, ?Microlições de coisas?, ?A palavra circular? e ?Texto délfico? ?, Poliedro foi publicado em 1972, três anos antes da morte de Murilo Mendes. Nesse livro, um dos poucos voos em prosa do consagrado poeta, a reformulação da linguagem e o constante diálogo entre arte e pensamento são elementos centrais. Para Carlos Drummond de Andrade, trata-se de um ?fruto saboroso da cultura brasileira confrontada com valores universais?."