A obra rara de Mário Andrade, O Turista Aprendiz, é um dos mais importantes livros de relatos de viagem do Brasil. A publicação de descobrimento do Brasil, escrita em forma de diário, com informalidade, humor e elevada percepção para o prosaico e o inusitado, O Turista Aprendiz narra duas viagens de Mário de Andrade. A primeira, em companhia da aristocrata do café e mecenas dos modernistas Olívia Guedes Penteado, sua sobrinha Margarida Guedes Penteado e da filha de Tarsila do Amaral, pintora do célebre Abaporu, Dulce do Amaral Pinto. Durante três meses, a partir de maio de 1927, a comitiva seguiu do Rio de Janeiro a Iquitos, no Peru, navegando pelos rios Amazonas, Solimões e Madeira.A leitura de O Turista Aprendiz não é a de um livro histórico, datado. É a de uma realidade onde ainda se confrontam manifestações culturais ligadas à tradição, ao território, às relações com a ecologia, aos fazeres e saberes do cotidiano, em oposição a uma outra muitas vezes desenraizada, pois relacionada a valores exógenos, descompromissados com o cotidiano, que são próprios de uma cultura urbana mais cosmopolita, nem sempre afeita à dialética de transformação, onde a cultura assume seu papel libertador e semeador do futuro.
Uma relato pessoal de como a instabilidade de uma nação pode afetar a intimidade de uma família. A família de Paula Ramón traduz de diferentes formas a história da Venezuela: seu pai, espanhol que emigrou para a América Latina após ser solto de um campo de prisioneiros na Segunda Guerra Mundial, sua mãe, uma professora aposentada com saúde frágil que entende como poucos as decisões que precisam ser tomadas para gerir uma família, e seus irmãos, um encantado com o regime chavista que vira policial e se desilude com a política, outro, um empreendedor que tenta de todas as formas encontrar um rumo para sua vida. Ao juntar a esse elenco os acontecimentos do país, é possível entender com clareza como as decisões dos governos Chávez e Maduro impactaram não só as condições sociais e econômicas de uma família, como também o seu íntimo e os seus afetos. Com um olhar jornalístico apurado e grande habilidade narrativa, Paula Ramón tece a história de seu país enquanto investiga as consequências da escassez e da brutalização das relações interpessoais. ?Este livro traz uma dimensão diferente do tema, mostrando como o drama venezuelano impacta nas decisões pessoais e relações familiares.? ? Sylvia Colombo
A mulher pode amar dois homens ao mesmo tempo? E de maneira sincera, profunda? Sim, este fascinante romance autobiográfico prova, é verdade indiscutível. ?Não é fácil expor aqui a minha história, preciso controlar a emoção. Minha mãe, Euterpe Schultz Barreto, é alemã, e foi linda na mocidade, parecia a sueca Greta Garbo no filme ?A dama das camélias?. Casou-se com o brasileiro Pedro Augusto Barreto, médico veterinário, meu pai, homem bondoso, compreensivo, o oposto da esposa dura, enérgica, autoritária, dotada de agudo senso prático. Desde quando eu era menina de oito anos, antes de entrar na adolescência, ela sempre me dizia: ? Namore dois rapazes ao mesmo tempo. Muitas mães orientais dão este conselho às suas filhas, e é ótimo conselho, pois se um rapaz largar você, ficará garantida com o outro. Na vida seja esperta, ponha a cabeça acima do coração e nunca este no lugar da cabeça. Eu respondia: ? Mas e se só gostar de um? Ela replicava: ? Será bobagem. Você tem de se defender, a vida não é delicioso bolo de chocolate.
Evandro Guedes é um ponto fora da curva. Quando me convidou para fazer o prefácio do seu livro, mais do que aceitar o convite, queria que enviasse o texto imediatamente, pois sabia que estava diante de uma história de vida incrível, digna de um roteiro de cinema. Recordo-me perfeitamente do dia em que o conheci pessoalmente. Estávamos em Florianópolis, em um evento para milhares de policiais de todo o Brasil. Eu havia acabado de fazer uma palestra, quando um amigo me falou que Evandro gostaria de me entrevistar para seu programa que, diga-se de passagem, era visto por milhões de pessoas na internet. Tão logo começamos a conversar, percebi que estava diante de alguém diferenciado. Suas perguntas, seu raciocínio rápido, sua autenticidade, sua simpatia, sua simplicidade, enfim, Evandro era composto por uma fórmula infalível de sucesso. A partir desse momento, esse ?menino? no interior do Rio de Janeiro, filho de uma família de classe média, diagnosticado com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), que chegou aonde muitos gostariam de estar, ganhou mais um fã, mais um seguidor. Posso assegurar que esta história com que o leitor irá se deparar tem um início, um meio, mas, com certeza absoluta, o fim ainda está muito longe, porque o autor, com sua incansável vontade de caminhar, de buscar objetivos diferentes, ainda tem muito que conquistar. É de pessoas assim que o nosso país precisa. São homens visionários, que não se abalam com as adversidades, que utilizam os destroços como forma de ajudá-los a saltar as barreiras, que não se intimidam com comentários negativos vindos de pessoas que nada têm a acrescentar.
A doleira Nelma Kodama narra suas memórias numa prosa simples, com bom humor e fina ironia. Aqui ela revela as experiências de sua trajetória pessoal e profissional. Resgata fatos, lugares e pessoas marcantes, além de contar detalhes exclusivos dos bastidores de sua prisão e do dia a dia na República de Curitiba, cenário central da operação que prometeu passar a limpo a corrupção no Brasil: a Lava Jato. Pela primeira vez, ela abre os diários que escreveu no cárcere e compartilha sentimentos, reflexões, polêmicas e seu contato com outros personagens importantes presos na mesma operação, como Marcelo Odebrecht e Nestor Cerveró. Um raio X único da mulher que amou, traiu, foi traída, lavou dinheiro, viveu o luxo e o lixo, e que agora busca se reerguer e reinar em um mundo diferente daquele que viveu.
Quando Ron Stallworth, o primeiro detetive negro da história do Departamento de Polícia de Colorado Springs, depara-se com um anúncio no jornal local convocando pessoas a se juntarem a Ku Klux Klan, ele decide responder fingindo ser um homem branco, com discurso racista falso. Esse foi o início de uma das investigações secretas mais audaciosas e incríveis da história dos Estados Unidos. Durante os meses em que investigou a KKK, juntamente com um colega policial branco que se passava por ele nas reuniões da Klan, Stallworth sabotou vários rituais da famosa queima de cruzes, frustrou planos de detonar bombas em bares e boates gays ou frequentados por negros, além de revelar a presença de supremacistas brancos nas Forças Armadas e no Comando de Defesa Aeroespacial Americano, chegando até a enganar o próprio David Duke, o Grande Mago da KKK. Infiltrado na Klan é uma história verídica inacreditável, nos moldes de um thriller policial, e um retrato vívido do racismo, das ações terroristas da KKK e dos extraordinários heróis que ousaram enfrentá-la.
A VERDADE POR TRÁS da FANTASIA Venerados por leitores do mundo inteiro, os dois maiores escritores de fantasia do século XX, J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis, venderam juntos mais de 250 milhões de exemplares de suas sagas o Senhor dos Anéis e As crônicas de Nárnia. Porém, poucas pessoas sabem que Tolkien e Lewis, muito diferentes tanto no temperamento quanto no estilo de escrita, tiveram, ao longo de quase 40 anos, uma relação conturbada, marcada por afinidades, ressentimentos e influências mútuas. Sem o encorajamento de Lewis, Tolkien jamais teria escrito o Senhor dos Anéis; por outro lado, toda a ficção de Lewis é profundamente marcada pelas ideias de Tolkien. Em o dom da amizade, o professor e jornalista inglês Colin Duriez conta a verdadeira história dessa relação de amor e ódio.
Muito mais íntimo do que seus vídeos no YouTube, Kim RosaCuca mostra aspectos particulares em Não é um conto de fadas, publicado pela Hyria. Este livro da youtuber, que já atingiu mais de 1 milhão de inscritos, transporta-nos para um universo que todos compartilhamos: o da ingenuidade na infância, das peripécias na adolescência, das alegrias, dos encontros e desencontros, amores, amigos, família...
Quando cursava a Faculdade de Medicina, Matt McCarthy sonhou em ser um tipo diferente de médico: queria
se aproximar e resolver todos os problemas dos pacientes. Aluno exemplar, conseguia decorar e recitar páginas
de artigos de bioquímica renal e de coagulação sem nenhuma dificuldade. Porém, ele constataria mais tarde que
somente os conhecimentos teóricos não seriam suficientes para lidar e tratar os pacientes com problemas reais.
Sua primeira experiência como residente plantonista foi decepcionante. Com duas semanas fora da Harvard
Medical School e alguns dias de exercício da medicina em seu currículo, Matt McCarthy quase deixou morrer um
paciente que estava na unidade de cuidados intensivos. A partir desse momento, teve a certeza de que tudo o
que havia aprendido nas bibliotecas, nos laboratórios e nas salas de aula não retratavam a realidade do que ele
iria enfrentar na transição do aprendizado para a prática e que todo esse conhecimento não seria suficiente para
dissipar o terror de enfrentar pacientes reais.
Com humor ácido, o dr. Matt McCarthy conta suas memórias e convida o leitor a acompanhar a jornada de um
médico dentro de um hospital e a relação com os mais diversos pacientes e colegas de profissão, relatando
histórias cômicas e, por vezes, dramáticas. E é nas experiências do dia a dia que ele aprende o significado da
vida. Porém, a prova final de seu aprendizado acontece quando ele sofre um acidente, que coloca em risco sua
saúde, mostrando-lhe a tênue e dolorosa linha que separa médico e paciente.
O que os médicos não contam é um relato honesto e corajoso, repleto de emoção crua e nua, mas, ao mesmo
tempo, cativante. Nenhum outro livro oferece aos leitores um olhar mais humano sobre os profissionais da
saúde, que passam a vida tentando salvar a nossa. Depois de ler O que os médicos não contam, você nunca mais
vai olhar para um médico da mesma forma.