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Publicado originalmente em 1994, o romance O homem da mão seca, de Adélia Prado, retorna com nova capa para celebrar a grande figura da atual poesia brasileira, vencedora dos prêmios Camões e Machado de Assis. Antônia, personagem central e narradora de O homem da mão seca (1994), é uma mulher do interior que 'mistura Deus em tudo'. Casada há trinta anos com Thomaz, ela sofre de uma dor de dente implacável, que 'paralisou o mundo'. O que, à primeira vista, pode parecer um enredo simples é, na verdade, transformado por Adélia Prado em um universo simbólico, palco para reflexões filosóficas, debates religiosos e questões de consciência. Espirituosa e inteligente, a personagem se reconhece um pouco 'má' e vive entre os delírios dos sonhos (que anota para discutir com seu analista) e as questões prosaicas na pacata Coronas. Apaixona-se por Soledade, 'um místico', cujo verdadeiro nome é Jorge Teodoro, mas a quem apelidou de 'Teodardo'. Um beijo bastou para bagunçar tudo. Menos para ela se considerar infiel, pois 'nem dormindo com o Teo viraria adúltera'. Antônia gosta de 'escrever poéticas'. Esses versos ajudam a enriquecer a linguagem concisa e divagante da obra. O relato está nos 'cadernos' da personagem - uma narrativa dentro de outra, portanto. Burlando a estrutura tradicional do romance, os textos curtos - quase como contos autônomos - dão à história um caráter desconexo, um caos calculado que atiça a sanha do leitor em descobrir como tudo se encaixa. O envelhecimento e suas consequências, os questionamentos existenciais, as tentações da carne, a depressão, o poder da fé e a linha tênue que separa sonho da realidade dão ao livro uma amplitude impressionante. 'Voz inconfundível na literatura de língua portuguesa', como destacou o júri do Prêmio Camões, recebido pela autora em 2024, Adélia Prado mostra em O homem da mão seca um domínio extraordinário da narrativa. E, como só os grandes autores são capazes de fazer, transforma vidas comuns em extraordinárias. Agora, a tempo de comemorar não só o Prêmio Camões, como também o Prêmio Machado de Assis (ABL), O homem da mão seca retorna aos leitores com nova capa, assinada pelo premiado designer Leonardo Iaccarino, sobre tela da artista plástica Manoela Monteiro.