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Assim começa o mal conta muitos anos depois uma história íntima, narrada por uma jovem testemunha. Na Madri pós-ditatura franquista do início dos anos 1980, quando a capital espanhola fervia num frenesi de hedonismo e liberdade, Juan de Vere, vinte e três anos e recém-formado, é contratado como secretário particular de Eduardo Muriel, um cineasta bem-sucedido. Graças à sua função, De Vere se insere na privacidade da casa da família, convertendo-se num espectador da união misteriosa e bastante infeliz entre Muriel e sua esposa Beatriz Noguera. Muriel o encarrega de investigar um amigo, o dr. Jorge Van Vechten, cujo comportamento indecente no passado foi motivo de rumores. Figura enigmática e um tanto repulsiva, Van Vechten ? um pediatra com uma carreira de sucesso desde a aurora do regime do general Francisco Franco - passa a acompanhar o jovem De Vere em suas excessivas noitadas. Era então o auge da chamada Movida Madrileña, o caldeirão de boemia, drogas, liberalidade sexual e cultura alternativa que tomou conta da cidade assim que a Espanha voltou a respirar os ares da democracia. Mas o jovem não se limita a observar, e passa então a tomar iniciativas questionáveis, com profundas repercussões na vida de todos os envolvidos. Sua atitude irá lhe mostrar, no balanço evocado com o tempo, que não há justiça desinteressada e que tudo ? seja o perdão ou o castigo - nasce a partir de decisões arbitrárias. Tendo como título um verso da tragédia shakespeariana Hamlet, o romance de Javier Marías apresenta um olhar arrebatador e inesquecível sobre o desejo e o rancor.
Javier Marías é um escritor maravilhoso - John Banville.
Um dos maiores escritores vivos - Claudio Magris.
Um dos melhores escritores europeus contemporâneos - J.M. Coetzee.