"A maioria dos livros introdutórios sobre teoria ou análise literária comete o mesmo pecado capital: tentar normatizar e prender numa grade de critérios fixos algo que é de uma riqueza vastíssima, viva, subjetiva e variável, como são as grandes obras da literatura. Terry Eagleton, professor e crítico de larga experiência, autor de Teoria da literatura: uma introdução (até hoje uma das grandes referências na área), não incorre nesse erro. Em Como ler literatura, embora seja uma obra introdutória, vemos que o autor não apenas conhece muito bem sua matéria, como tem sensibilidade suficiente para não matar o objeto de estudo ao dissecá-lo. Sempre tratando a literatura como parte da cultura humana, Eagleton mostra a importância e a riqueza de se atentar, quando lemos, para aspectos como ritmo, sintaxe, alusões, ambiguidade, enredo, narrativa etc. ? que tanto podem acrescentar à nossa fruição. Shakespeare, Conrad, Nabokov, Dante Alighieri, Dickens, Jane Austen, Milton, Sófocles e J.K. Rowling são alguns dos autores frequentados, dos quais faz análises brilhantes e instigantes, sempre com a clareza que lhe é característica. Diferentemente de muitos críticos e acadêmicos, o autor não coloca a literatura canônica num pedestal inalcançável; antes, lança mão de elementos da cultura popular para melhor expor suas ideias. Neste texto ao mesmo tempo sofisticado e bem-humorado, temos a obra da maturidade de um grande crítico, de um grande pensador, que nos contagia com sua sabedoria humanista."
Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. "Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: 'Você apoia o terrorismo!'". Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma "feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens".Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.
"""Coletânea de crônicas de Carlos Drummond de Andrade publicadas aos domingos no suplemento literário do Correio da Manhã. Lançado em 1952, Passeios na ilha é o segundo livro em prosa de Carlos Drummond de Andrade. Nesta reunião de colunas escritas para o jornal, o poeta se dedica aos seus contemporâneos ? Manuel Bandeira, João Alphonsus de Guimaraens e Henriqueta Lisboa, entre outros ? em ensaios sobre cultura e vida literária. No texto que inaugura o volume, ?Divagações sobre as ilhas?, Drummond faz uma ode ao que seria a distância ideal entre a ilha e o continente, ?não muito longe do litoral, que o litoral faz falta, nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto?. A passagem sintetiza os dilemas de um cronista que, por um lado, busca refúgio do mundo conturbado e, por outro, está atento a tudo aquilo que o cerca, num brilhante e obstinado exercício de reflexão. Posfácio de Sérgio Alcides. """
Uma reflexão sobre liberdades individuais no contexto do Brasil moderno e sobre o papel do Estado que garante e limita estas liberdades
A liberdade é o atributo essencial da humanidade do homem. Escolher o próprio destino e construir a própria visão de mundo são elementos fundamentais do que significa ser humano. Mas como viver é conviver, a liberdade deve ser igual, de modo que todos e cada um possam ser livres à sua maneira. Somos igualmente livres para sermos diferentes, navegando ao sabor de nossas circunstâncias individuais e coletivas.
No entanto, o avanço do populismo radical, em ambos os lados do espectro político, ameaça as liberdades individuais e investe contra a democracia. No Brasil, o peso de uma herança autocrática ainda se faz sentir em nossas instituições político-jurídicas e na cultura nacional. A defesa da liberdade como conquista civilizatória se faz necessária e urgente.
Os ensaios reunidos em Liberdade igual: O que é e por que importa, de Gustavo Binenbojm, analisam diferentes manifestações do exercício do direito de escolha no Brasil. O autor, que defendeu perante o STF causas como a da liberação de biografias não autorizadas e a derrubada da censura ao humor e à crítica jornalística em período eleitoral, constrói sua reflexão a partir desses e outros casos recentes, como a propagação de fake news e a censura em plataformas digitais e o episódio de Natal do Porta dos Fundos protagonizado por um Jesus gay. Cada texto traz uma perspectiva original e renovadora sobre os avanços e os desafios da sociedade brasileira na busca de liberdade igual para todos os seus cidadãos.
"Maldito, marginalizado e incompreeendido enquanto viveu, encarnação máxima do gênio romântico, da imagem do artista iluminado e louco, Artaud passou a ser reconhecido depois da sua morte como um dos mais marcantes e inovadores criadores do nosso século. Tudo o que, aos olhos dos seus contemporâneos, parecia mero delírio e sintoma de loucura, agora é referência obrigatória para as mais avançadas correntes de pensamento crítico e criação artística nas suas várias manifestações: teatro, arte de vanguarda e criações experimentais, manifestações coletivas e espontâneas, poesia, linguística e semiologia, psicaanálise e antipsiquiatria, cultura e conttracultura.? (Trecho da nota biográfica sobre Artaud) Neste volume da Coleção Rebeldes & Malditos, o poeta Claudio Willer apresenta ao leitor brasileiro um precioso painel da obra de Antonin Artaud (1896-1948), na forma de uma antologia que pretende dar uma visão ampla da sua obra e de suas inúmeras manifestações."
Sem idealizações nem sentimentalismos, As pequenas virtudes é fruto de uma prosa límpida, aliada ao vigor típico dos escritores que, ao falar de coisas simples, revelam as questões humanas mais profundas. Nestes onze textos, a escritora italiana Natalia Ginzburg não faz delimitações entre as dimensões social e histórica, construindo uma obra singular e de raro afeto.
O livro é dividido em duas partes. A primeira se atém a deslocamentos ? como o período em que a autora morou em Londres ? e a retratos de duas figuras centrais em sua vida: o poeta Cesare Pavese, de quem ela foi amiga, e Gabriele Baldini, seu segundo marido. Na segunda, figuram ensaios poderosos, como ?O filho do homem?, uma avaliação das sequelas da guerra recém-terminada; ?O meu ofício?, em que Ginzburg explora as relações entre escrita e verdade íntima; e o texto que dá título a este volume, um elogio extraordinário às verdadeiras grandezas humanas.
Breve e imenso, simples e original, As pequenas virtudes é um livro inesquecível. Ao retratar uma vida marcada por perdas, desterros e humildes alegrias, Natalia Ginzburg constrói uma obra luminosa, cheia de carinho e de genuíno amor às pessoas e às palavras.
?Uma lição de literatura.? ? Italo Calvino
?Com lucidez e uma valentia a toda prova, Natalia Ginzburg nos mostra seus personagens quando não eram heróis nem vítimas; quando eram falíveis, quando era possível amá-los menos. E por isso os amamos mais.? ? Alejandro Zambra
?Ginzburg é inconfundível. Suas observações são rápidas e exatas, geralmente irradiadas através de humor indisciplinado e satírico. Sua voz é pura, fascinante, elegantemente moldada pela autoridade de uma inteligência poderosa.? ? The New York Review of Books
Esta edição integral é ilustrada por fotos, documentos e outros registros inéditos dos diários do acervo do economista Celso Furtado, autor de Formação econômica do Brasil e um dos grandes intérpretes de nossa história. Os Diários intermitentes de Celso Furtado, resgatados integralmente de seus arquivos pessoais, reúnem anotações deixadas por ele ao longo de seis decênios e meio de sua vida, entre 1937 a 2002. Ele não foi um praticante assíduo da arte dos diários, e podia se passar algum tempo sem que fixasse num caderno, numa agenda, numa folha avulsa, o presente mais intensamente vivido. Mas essas notas, embora nem sempre diárias, foram para ele a oportunidade de registrar momentos marcantes e decisivos de sua vida, impressões de viagens a países distantes, a participação na Segunda Guerra Mundial, combates políticos no Nordeste, diálogos com intelectuais e políticos com quem conviveu no Brasil e no exterior, e, por vezes, frustrações e desabafos. Tem-se, aqui, um precioso material inédito que completa as memórias que Celso Furtado deixou e que, sobretudo, mostra uma face desconhecida de um economista e professor que foi, também, protagonista privilegiado da história do Brasil, da América Latina e da Europa na segunda metade do século XX.
A literatura ? através das histórias da ficção, dos ritmos e imagens da poesia, dos enredos dramáticas ? desde sempre representou uma fonte de prazer, comoção, encantamento. Desde sempre também se constituiu em tema privilegiado da especulação intelectual, mobilizando a atenção de pensadores de todas as épocas e das mais diversas especialidades. No século XX, torna-se objeto de uma disciplina específica ? a teoria da literatura ?, relacionada tanto à tradição humanística, por seus contatos com a retórica, a poética e a estética, quanto às ciências humanas, dadas as suas afinidades com a história, a sociologia, a linguística, a antropologia e a psicanálise. Este livro tem por objetivo estudar essa rede complexa de relações, delineando o campo da teoria da literatura por meio de exposição em que convergem a história da sua formação e os problemas conceituais e metodológicos que lhe são próprios.
Roteiro Literário de Jamil Snege é um ensaio que se lê como um romance sobre a vida e a obra de um dos mais cultuados escritores paranaenses, um dos segredos da literatura brasileira: Jamil Snege, autor, entre outros, das memórias Como eu se fiz por si mesmo. Além de uma análise de obra por obra, até do romance inédito O grande mar redondo, Sanches apresenta a Curitiba e o Paraná que aparecem na obra de Snege, com fotos inéditas de Guilherme Pupo, e relembra a amizade entre ambos, num relato do breve, mas intenso, convívio entre eles. No entanto, o que se destaca é o ensaio em que Sanches analisa a literatura do curitibano que sobreviveu trabalhando com propaganda, mas que desejava, mais que tudo, ser escritor.
O autor consegue definir, com precisão, a essência do projeto literário snegiano: ?Jamil Snege é um caso típico da cena paranaense, principalmente por ser um escritor de brevidades, ligando-se assim a uma linhagem que vem do contista Newton Sampaio, da prática do haicai em Helena Kolody, Alice Ruiz e Paulo Leminski, das fábulas de Wilson Bueno, dos microcontos de Dalton Trevisan?. Uma verdadeira viagem pela literatura do Paraná.
Mirian Goldenberg, desde 1988, tem realizado pesquisas sobre os novos
arranjos conjugais do Brasil, mas faltava à antropóloga investigar uma
questão que a inquieta há anos: se, na lógica da dominação masculina, os
maridos devem ser sempre ?superiores? às esposas, por que algumas
mulheres casam com homens mais jovens? Mais ainda: se a juventude
feminina é um capital, por que determinados homens se casam com
mulheres mais velhas? Em Por que os homens preferem as mulheres mais
velhas? Mirian apresenta temas que interessam a pessoas de todas as
idades, como amor, desejo, sexo e fidelidade
Livro ilustrado que apresenta a transcriação das duas últimas cenas do Segundo Fausto para o português, acompanhada do texto original em alemão.
Além disso, Haroldo de Campos faz também uma análise da obra goethiana sob os pontos de vista estético e ideológico, à luz de importantes teóricos, tais como Bakhtin, Walter Benjamin e Adorno.