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Este é um livro sobre olhares... Olhar para si e para o outro, entre o que queremos ver e o que de fato vimos. É voltar os olhos para o que já vivemos, o que é vivido, o que irá avistar, e ainda assim deixar de olhar para o que deixamos de viver. Abrir os olhos aos erros e acertos da visão de mundo, enquanto lemos e reescrevemos a nossa identidade. E que se encare o orgulho da capacidade humana de tornar visível a própria diversidade. Mochila quase vazia, passagem comprada, um longo itinerário de entregas: os planos para hoje levam Esdras da cidade até aquele destino marítimo, onde o agravamento dos sintomas da S.T.T.S. teria um fim. Mas uma correspondência traz a notícia que pode mudar o passado e o futuro dele: Lélio, o melhor amigo de infância, cometeu suicídio. O anúncio daquela morte acompanha um último pedido, a promessa de entregar cartas de adeus às pessoas das quais ele não conseguiu se despedir. Entre culpas tardias e lembranças perdidas, Esdras é desafiado a partir em busca desses destinatários desconhecidos, algo que o deixaria visível e vulnerável ao mundo à sua volta. Afinal, ao contrário dele, Lélio não queria ser esquecido. E sem ter para quem ou para onde retornar, ele terá a oportunidade de compreender que estar à margem do mundo é uma consequência e não uma escolha. No entanto, tornar-se andarilho em um mundo onde nem tudo é o que parece ser e nem todos são quem dizem ser, pode não ser a melhor decisão para pessoas como Esdras.
