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Antes de entrar no coração de alguém, é preciso tirar os sapatos, passar as mãos na sola dos pés para afastar pedrinhas, poeiras, pedacinhos de algo, estilhaços de vidro. Porque quando se vai embora, o que se levou fica lá. E é verdade que um imperceptível grão se transforma em pérola. Mas, até que aconteça, a ostra sente muita dor.
Meu coração diz teu nome é simplesmente cativante porque atesta uma das marcas da Cris Lisbôa: explicar o impossível ou falar de forma profunda sobre nós e sobre nossos sentimentos. No decorrer das páginas, o que temos é um jogo de espelhos em que ver o outro é encontrar a si mesmo, enxergar a si próprio.
É bem provável que, assim como eu, o leitor se sinta vulnerável. Eu, que parei há algum tempo de romantizar muitas coisas na vida, encontrei nesta leitura uma reflexão delicada que nos mostra que esse é um dos caminhos. Por que não?
Afinal, as dores e as alegrias de ser quem se é não são fáceis. É preciso descaber, desafiar o que aprendemos desde que chegamos neste mundo para... caber. Vivemos métricas, prateleiras e um mundo etiquetado, cheio de espelhos, dedos e julgamentos multiplicados e, agora, telas. Os mesmos dedos que apontam são os que apagam as luzes no entorno. Para mim, a beleza, no entanto, são as "coisas acesas por dentro".
Esta história me amoleceu porque transforma a vulnerabilidade em nossa maior virtude. Regou a coragem de me vasculhar e de não deixar que minha voz seja tomada pelo que pensam que eu sou. Me trouxe o desejo maior de escolher caminhar consciente, singular e imperfeita - e com uma luz acesa que apenas eu tenho o poder de apagar: a de dentro - Paolla Oliveira, atriz.