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Em Mundo em disputa, a filósofa Marcia Tiburi discute de maneira acessível como são criadas as narrativas sobre desesperança e oferece ferramentas para que se possa posicionar contra essa prática nefasta. Ligar a televisão ou abrir o smartphone e observar do sofá desastres climáticos, guerras, chacinas e linchamentos virtuais se tornou corriqueiro no século XXI. O sentimento geral de impotência diante do horror remete à naturalização da catástrofe, objeto de análise deste livro. Em Mundo em disputa: design de mundo e distopia naturalizada, Marcia Tiburi põe em debate a distopia geral, oferecendo um questionamento sobre o funcional desaparecimento da utopia em nossa época. Ferramentas e armadilhas da linguagem, da comunicação e da estrutura de dominação são examinadas para explicar o funcionamento codificado de um mundo no qual o sofrimento é regra. O "patrirracialcapacitalismo", ou PRCC, é o termo usado pela autora para expor a articulação de opressões geradoras de sofrimento que incide sobre todos os seres terrestres, humanos ou não. A filósofa desvela a guerra conceitual e narrativa sobre o que é "o mundo", considerando que mundo "é o que se cria na linguagem, e a linguagem define o limite do mundo, sendo que o que chamamos de mundo vem a definir o que podemos em termos de linguagem". Entre jogos de espelhamentos, torções e reflexões sensíveis, Marcia Tiburi apresenta aos leitores e às leitoras ideias que nos ajudam a compreender o que vem a ser, então, o "mundo" para a cultura ocidental. Um conceito tão complexo e estranhamente abstrato, mas inescapavelmente real. Mundo em disputa: design de mundo e distopia naturalizada chega no momento em que entender os jogos de poder mental, linguístico e concreto em que estamos inseridos se constitui na chave para sair dos cárceres em que estamos situados e, a partir disso, repropor a utopia da vida.