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A assimilação brasileira dos poemas em prosa de Baudelaire começou cedo, pouco tempo depois de sua publicação na França. Compilada e historiada neste livro, ela forma um capítulo até então desconhecido de nossa história literária. As primeiras traduções e imitações de O spleen de Paris foram obra de estudantes desejosos de romper com o romantismo e a sociedade convencional. Interessante notar que o circunspecto Machado de Assis, embora um pouco mais velho e com discernimento crítico diferenciado, fez parte dessa linha de frente. Mais interessante ainda - e esta é a contribuição forte de Natasha Belfort Palmeira - é que ele incorporou a ideia e a técnica dos petits poèmes en prose ao tecido de suas grandes obras, em que, depois da leitura de Natasha, devemos reconhecer uma tonalidade baudelairiana. Assim, a famosa forma livre da ficção machadiana passa a ligar-se não apenas aos modelos literários antigos, do século XVIII ou anteriores, mas também à ponta de lança da superação do realismo, aos modernos 'sobressaltos da consciência' (expressão de Baudelaire). Em suma, o livro que o leitor tem nas mãos é uma verdadeira novidade. Roberto Schwarz