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José & Novos poemas é um volume que compila duas coletâneas de poemas emblemáticos do grande Carlos Drummond de Andrade, originalmente publicadas em 1942 e 1948. Estas obras, que foram reunidas em um mesmo livro pela primeira vez em 1967, sob o título José & outros: poesia, agora retornam com novo projeto gráfico e posfácio inédito da poeta Laura Liuzzi. Com 'José', poema publicado na coletânea Poesias, em 1942, e que dá título a um dos livros reunidos neste volume, Carlos Drummond de Andrade demoliu a barreira entre alta e baixa cultura. O verso inicial - 'E agora, José?' - , de um poema contundente e desafiador, ganhou diversas interpretações e conotações na boca do povo, 'viralizando' por meio de citações que vão da literatura à propaganda. Marco do modernismo brasileiro, tornou-se também parte da cultura popular. Com apenas doze poemas, o livro José, no entanto, tem muitos outros momentos inspiradores, como as imagens tristes da vida urbana no poema 'Edifício Esplendor', lugar com 'complicadas instalações do gás / úteis para suicídio'. Deixando Minas Gerais na metade dos anos 1930, o jovem poeta é assombrado pela solidão, seja na lembrança do ambiente rural de sua infância em Itabira ('O boi' e 'Viagem na família'), ou no agito do Rio de Janeiro da época ('A bruxa'). Já Novos poemas, publicado em 1948, fecha uma década de produção espetacular, em que Drummond legou à literatura brasileira os fundamentais Sentimento do mundo (1940) e A rosa do povo (1945). Em seu derradeiro livro dos anos 1940, o poeta se equilibra entre o sentido trágico da vida e a esperança. No melancólico 'Desaparecimento de Luísa Porto', o manto de incertezas que cobre o mundo, após um longo período de guerra, é transferido para o drama particular de uma mãe à espera da filha perdida. 'Notícias de Espanha' e 'A Federico García Lorca' retomam o Drummond engajado. Mas a doçura de 'Canção amiga', poema musicado por Milton Nascimento três décadas depois, mostra a faceta mais generosa e esperançosa do poeta. Com Novos poemas, Carlos Drummond de Andrade arremata um capítulo essencial de nossa história poética, e pavimenta o caminho para um futuro igualmente brilhante, em que retoma formas sem abandonar o lirismo de sua melhor poesia. 'Não é difícil notar algo na obra de Drummond que, apesar de se inscrever notavelmente em seu tempo, supera as marcas que a fariam envelhecer, como se o rio espesso dos anos levasse aquilo que perece e deixasse o que teima em não desaparecer: como as pedras, mas também as areias, que se rearranjam a todo momento.' - Laura Liuzzi, para o posfácio de José & Novos poemas.