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PREVISÃO DE LANÇAMENTO: 20/02/2025. Publicado originalmente em 1987, O pelicano, de Adélia Prado, retorna com nova capa para celebrar a grande figura da atual poesia brasileira, vencedora dos prêmios Camões e Machado de Assis. O pelicano (1987) foi publicado seis anos depois de Adélia Prado inscrever seu nome na literatura brasileira com a trilogia de livros composta por Bagagem (1976), O coração disparado (1978) e Terra de Santa Cruz (1981). Sem perder as características formais e temáticas de sua obra inicial, a autora mineira incorporou novos elementos à sua poética a cada novo livro. Neste conjunto de poemas, surge como força motriz a figura de Jonathan. Espécie de Godot beckettiano, ele é onipresente, é a própria poesia, mas também o sagrado, o desejo e o amor. Como no poema 'A criatura': 'Eu já amava Jonathan, / porque Jonathan e? isto, / fato poético desde sempre gerado, / matéria de sonho, sonho, / hora em que tudo mais desce a? desimportância.' Outra marca desses poemas é o contraste proposto por Adélia ao colocar no mesmo plano o sagrado e o profano, o amor mais sublime e o desejo carnal, as luzes e as trevas. Por exemplo, em 'A treva': 'A alma desce aos infernos, / a morte tem seu festim. / Ate? que todos despertem / e eu mesma possa dormir, / o demo?nio come a seu gosto, / o que na?o e? Deus pasta em mim.' Mas, se há beleza em tudo o que se refere à Criação, conforme vaticinou Tomás de Aquino, nada foge à lírica de Adélia, a exemplo do espirituoso 'Duas horas da tarde no Brasil': 'Frigoríficos são horríveis / mas devo poetizá-los / para que nada escape à redenção: / Frigorífico do Jiboia / Carne fresca / Preço joia.' Ainda que aponte para novos caminhos, O pelicano mantém o que Affonso Romano de Sant'Anna - um dos primeiros autores a perceber a grandeza da poesia de Adélia Prado - definiu como 'aquela maneira de pegar a gente pelo pé e nos deixar prostrado e besta com uma verdade revelada'. Agora, a tempo de comemorar os prêmios Camões e Machado de Assis (ABL), conquistados pela autora em 2024, O pelicano retorna aos leitores com nova capa, assinada pelo premiado designer Leonardo Iaccarino, sobre a tela O mundo é uma máquina complicada, inventando universos (2021), da artista plástica Manoela Monteiro.