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Ampliar o diálogo literário para além das fronteiras da própria literatura é um dos papeis que melhor ditinguem o moderno ensaio literário. Quando esse ensaio produz no leitor um desejo genuíno de retornar às fontes sobre as quais discorre, podemos afirmar que o ensaísta obteve o máximo de sua arte.
Nos escritos enfeixados sob o rótulo de Olhares Canhestros, Lilia Souza atinge a contento ambos os objetivos a que nos referimos, trazendo ao cenáculo das letras, que montou com engenho e arte, protagonistas seletos da crítica, mas também de outros saberes, como sociologia, a psicanálise, a antroologia e afins, convidando-os a interagirem em torno da criação literária.
No primeiro plano, porém, assomam os nomes de Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Helena Kolody, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Cristovão Tezza e Eça de Queiroz, que, ao lado de Lévi-Strauss, Roland Barthes, Câmara Cascudo, Sigmund Freud, Benedito Nunes, Gaston Bachelard, entre outros, ytavam intenso diálogo multidisciplinar.
É que o grande ensaio, este de que Lilia Souza dá provas neste nada canhestro, pelo contrário, Olhares Canhestros, tem o condão de despertar o leitor de ficção por linhas oblíquas. Sai-se de suas páginas ávido por reatar contato com o onceiro Iauaretê, com as líquidas visões poéticas de Cecília e Helena, com as difíceis criaturas de Chico e Teza, com as angústias líricas de Vinícius e com o velho Eça. E quanto mais cedo o fizermos, mais lucraremos dos ensinamentos de Lilia Souza.