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PREVISÃO DE LANÇAMENTO: 11/07/2025. Por trás de cada palavra de Por isso as papoulas, terceiro livro do poeta paraense Andreev Veiga, vibra uma aguda capacidade de observação política, capaz de captar os desarranjos e os sofrimentos de nosso tempo em suas diferentes manifestações. No olhar do poeta explodem as violências da guerra, da fome, da desigualdade, do ódio, da incompreensão, mas a forma que ele encontra para atacar esse mal-estar em seus versos é trazê-lo para ainda mais perto, para dentro, agarrando-o com a força que resta. Para mostrar esses corpos/vidas em que a história se elabora, o poeta dispõe em suas páginas uma paisagem humana desoladora: o trabalhador cujos 'passos são uma linha de montagem' ('se a polícia o parar na rua/ vão querer saber a origem dessa miséria'), cantores desesperados, projetando sua voz desde a beira do abismo, empregadas que passam pela portaria de um condomínio como imigrantes forçadas a cruzar uma fronteira para sobreviver, alguém que se tranca no quarto na noite de Natal, o cheiro do corpo morto do pai que 'permanece como uma história inacabada', os refugiados, como o menino Alan Kurdi, que o poeta enxerga no lugar de banhistas numa praia qualquer ('há braçadas perdendo força/ e se desenham cruzes na linha do mar/ e há quem se banhe de costas para o horizonte/ e flutue distante das cruzes'). Se 'a compreensão das coisas está na poesia', é preciso escrever cada verso para revelar 'a política no rosto do tempo'. Nas palavras da poeta e tradutora Simone Brantes, que assina a orelha, 'o que impressiona neste livro é a assertividade, o modo pelo qual a linguagem captura e recoloca à nossa frente, desnudada, a nossa condição presente, o estado do nosso mundo e de nossa alma'. E, mesmo cercada pelo 'fascismo [ ? ] que nos enterra aos poucos', não há resignação na voz que denuncia: 'entre a batalha e o pessimismo/ impera um sorriso'. E amamos e sofremos porque 'não somos feitos de ferro/ e [ ? ] tudo não passa de orvalho'. E papoulas, quem sabe?