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Faz noites que conheço o poeta. Então sua poesia não me soa estranha. Ainda assim me surpreende. Seu poema é como alguém que nunca vi e, de repente, encontro ao virar uma esquina e fala comigo. Ora é uma frase, um nó na cabeça, ora são pensamentos que saltam para fora de guardanapos. Ora é preciso ser bom de orelha para escutar: aqui tamborim, ali sax, lá cubos de gelo caindo no fundo do copo. Luiz Alceu Beltrão conhece ritmos, é inventivo criador de imagens, parece escrever ouvindo invisível caixa de fósforos. As palavras gostam dele. É íntimo da grande poesia. Caminha pelos versos como quem anda na cidade em que vive desde sempre. "Curitibano é como pinhão, se solta cozido". Na face de alguns poemas, dá pra ver o espelho do paralelepípedo molhado refletindo neon. Tem ironia, romance, sarcasmo, verve, compaixão, a linguagem dançando sobre a matéria da vida. E é aí que está a graça de ler este Rio Plano. Quando terminar, você vai querer que continue. - PAULO VITOLA
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