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Não é segredo que os poetas têm especial predileção por falar de amor. E reparando bem, a maior parte dos poemas de amor trata de momentos extremos: quando viver o amor ainda não é possível, ou quando ele já se tornou - ou vai se tornando - impossível. Os poetas gostam do amor, da excitação do 'não ainda', mas também se jogam no abismo do 'não mais'. Esta série de poemas de Sabrinna Alento Mourão conta a história de amor entre duas mulheres e nos leva exatamente para esse momento do 'não mais': o amor desfeito, o laço rompido, e o desejo de refazer-se depois que a história termina. Se o título é um tributo à doce companhia da fumaça ('o último dos becks apagado pela última das lágrimas - depois de aceso com o último dos fósforos'), também podemos tomá-lo como senha para entrar num sonho que atravessa a tristeza ('esse amor durou um governo, - uma pandemia, um holocausto, - quatro paredes, o isolamento, - foi apenas incapaz de resistir - à realidade') até se iluminar de novo. Depois das 'últimas palavras', a poeta de blue dream aprende a tirar beleza dos cacos e costurar a si mesma com os fios que se confundem no casal. Com ela, aprendemos a desenredar o amor e buscar nosso caminho natural em meio a tudo que não podemos controlar: 'o amor é uma viagem - feche este livro - aprecie a paisagem'. O melhor a fazer é entregar-se a este sonho que se vive entre o 'não ainda' e o 'não mais'.