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'Muito improvável uma tristeza maior do que não ter casa para voltar.'
'Não tenham medo de errar, mesmo que isso resulte em cicatrizes. Porque é por elas que teremos certeza de que o nosso passado foi real.'
Então ele aprendeu que morrer é isso: é nunca mais estar com os amigos.'
'Que pena que ter pai não era para sempre. E que droga ninguém ter avisado que não seria.'
'Há muito tempo aprendi que morfina, oxigênio e perdão constituem a terapia básica para emprestar dignidade ao fim da vida.'
'A proximidade da morte, por dar a todas as coisas o valor que elas de fato têm, é um modelo pedagógico irretocável, de autenticidade, esperança, persistência, humildade e gratidão.'
O médico sensível
'Meus caros, quando estiverem na sala de cirurgia, empenhados em fazer a operação mais perfeita, não esqueçam que do outro lado do corredor sempre haverá alguém desesperado por alguma notícia. E lembrem-se de que estarão a um simples recado de serem considerados por aquela família, definitivamente, como médicos inesquecíveis. Não se escondam para chorar. Trabalhando com uma ciência que não segue nenhum modelo matemático é inevitável que erremos.'
É este olhar atento para o que há de mais humano na clínica médica que J.J. Camargo desenvolveu e aprimorou ao longo de décadas de carreira como um dos cirurgiões torácicos mais inovadores da América Latina e que ele tenta transmitir a seus alunos e residentes. Nestas mais de setenta crônicas, o especialista em transplantes de pulmão conta um pouco do que vivencia nos hospitais, consultórios e salas de cirurgia, muitas vezes lidando com a estreita fronteira entre a vida e a morte. Arguto observador da natureza humana, faz da palavra escrita um complemento à sua profissão e com ela combate a crescente falta de empatia dos profissionais de saúde, louva o poder catártico do sofrimento e acompanha o sutil equilíbrio entre a tecnologia, cada vez mais avançada, e o cuidado não apenas da doença, mas do ser humano que adoeceu.
Com esta compilação de crônicas sensíveis, J.J. Camargo relembra os leitores da maravilha de estar vivo e da abismal diferença entre viver ou simplesmente durar.
Os Editores